Nós somos preciosos por quem somos

Crónicas 30 abril 2024  •  Tempo de Leitura: 3

A vida nem sempre corre como planeamos. Os nossos sonhos, por vezes, transformam-se em autênticos pesadelos. Sempre acontece que alguma coisa não corre bem, não bate certo... É preciso aprender a olhar para os nossos sonhos desfeitos e para os nossos fracassos como momentos de crescimento.

 

No encontro com jovens, na passagem por Veneza deste fim de semana, o Papa Francisco disse uma frase emblemática:

 

«Deus sabe que, para além de sermos belos, somos frágeis, e as duas coisas andam juntas: um pouco como Veneza, que é esplêndida e delicada ao mesmo tempo. É bela e é delicada».

 

Por vezes sentimos a tentação de avaliar a nossa vida segundo o mito do Super Homem, segundo o qual uma existência é plena e positiva se for sempre vitoriosa. Já para não falar do Übermensch (Super-homem de Nietzsche. Para este a meta do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de indivíduos mais dotados e mais fortes). Mas, o mito do Super-Homem não leva a lugar nenhum. A vida real não é assim. Somos frágeis.

 

Devemos questionar-nos sobre os princípios que nos orientam. Se avaliarmos a nossa existência de acordo com as expectativas do consumismo, princípios do mercado, da economia, sentir-nos-emos sempre deficitários. Seremos incapazes de reconhecer o bem, e talvez em abundância, que muito provavelmente já fazemos, mesmo em contextos reais de dificuldade e talvez sem sucesso visível aos nossos olhos.

 

O grave problema está quando apenas dependemos do sucesso e dos bons resultados para nos sentirmos preciosos e dignos de estima no julgamento dos outros. O Bem, a Bondade e o Sucesso não dependem do aval dos outros!

 

Não determines a tua autoestima com base no julgamento dos outros ou nos objetivos que consegues alcançar, mas considerando o amor de Deus por cada um, redescoberto todos os dias colocando-te na sua presença através da oração. Foi o que nos recordou o Papa Francisco na catequese do Regina Caeli do quarto domingo da Páscoa dedicado ao Bom Pastor:

 

«O nosso valor não depende do sucesso, mas da beleza aos olhos de Deus».

 

Então porque não tentamos integrar todos os aspetos que nos caracterizam, incluindo pontos fortes, complexidades e fragilidades?

 

Nós somos preciosos por quem somos e não pelo que fazemos ou como fazemos! Não quero dizer que não devamos aspirar a mais e a melhor, mas sem ceder àquele instinto diabólico que nos leva a avaliar a nós mesmos e aos nossos irmãos exclusivamente com base nos sucessos e nas capacidades.

Isso mata a nossa humanidade!

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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