E se fôssemos sal e luz?
A forma como, muitas vezes, nos apresentam Deus parece uma tarefa de ofício. Apresentam Deus com muita formalidade e discursos pomposos. Encarnam em si uma postura mecânica e rígida que se alimenta de comportamentos repetitivos e mecânicos. E para sustentar tudo isto colocam a ênfase numa relação que se baseia no cumprimento de regras e de preceitos. Olhando para toda esta apresentação é legítimo que surjam questões como: quem se irá converter? Se até para nós, crentes, esta apresentação se torna distante, despersonalizada e sem sal, como será vista por aqueles que andam à procura ou até mesmo por aqueles que professam o ateísmo?
O Cristianismo, e em específico o Catolicismo Apostólico Romano, não precisa de se reinventar. Precisa, isso sim, de cristãos que sejam como aquele Jesus, o Nazareno, que era Sal no Mundo, pois dava sabor à vida dos/as que se cruzavam consigo, e era também Ele, Luz do Mundo, porque iluminava os que se achavam perdidos/as. Hoje, mais do que nunca, precisamos de cristãos/ãs que se encham de compaixão, empatia e misericórdia. Precisamos de homens e mulheres de entranhas agitadas, que não fiquem indiferentes com as dores e as injustiças dos que se cruzam consigo. Precisamos de cristãos/ãs que caminham livremente e que testemunham a presença de Deus com a alegria de se saberem amados, doando-se por completo para que muitos/as sejam amados na sua inteireza. Precisamos de homens e mulheres que sabem de cor as passagens do amor e que vivem para que muitos possam recomeçar. Precisamos de cristãos/ãs que sejam os olhos de Deus: meigos, sorridentes e compassivos. Precisamos de homens e mulheres que sejam como o Nazareno: obcecado por quem ainda não se sente acolhido!
Testemunhar a fé, testemunhar a existência de Deus vai muito além do raciocínio lógico e da doutrina. Testemunhamos a nossa fé e a existência do nosso Deus na forma como nos relacionamos. Se a minha relação com Deus não transmite humanidade, como poderão os outros reconhecer que Deus está? Se a minha relação com Deus não transmite proximidade, como poderão os outros reconhecer que Deus existe?
O Cristianismo não precisa de prestadores de serviços, nem de gente que aparenta ser cumpridora de tudo. O Cristianismo precisa da autenticidade do seu fundador, Jesus, o Nazareno: presença próxima, acolhedora, inquietante e capaz de reerguer vidas!
Hoje, antes de voltares para as tuas tarefas diárias, questiona-te: e se eu fosse sal e luz? O que preciso de mudar para dar sabor à vida dos outros? O que preciso de mudar para ser presença que ilumina?