O que se passa com a democracia? E com a nossa Liberdade?

Crónicas 9 julho 2024  •  Tempo de Leitura: 3

Ao assistir às eleições em França ou a antecipar as futuras eleições nos Estados Unidos, para não falar dos extremismos dos Países Baixos, da Hungria, e até mesmo da Turquia, questiono-me sobre o que se está a passar... Sou uma pessoa do centro. Não gosto de extremos.

 

É verdade que, segundo alguns sociólogos, existe uma profunda desarmonia entre o eleitorado e a classe política. Além disso, persiste uma perceção de distanciamento entre os cidadãos e aqueles que os deveriam representar e os próprios representantes dos partidos não gozam de grande confiança. 

 

Mas a atual crise da democracia está ligada, sem dúvida alguma, à crise da liberdade: as elites técnico-financeiras e económicas são governadas pela lógica exclusiva do lucro. Como consequência, as implicações sociais são deliberadamente negligenciadas. Além disso, a fraternidade é negada pela Terceira Guerra Mundial fragmentada (nas palavras do Papa Francisco, Terceira Guerra Mundial aos pedaços) e pelos bloqueios no que diz respeito ao acolhimento dos migrantes.

 

No entanto, existe uma relação estreita entre democracia e liberdade: a primeira não pode existir sem a segunda e só pode desenvolver-se se surgir de uma liberdade responsável e solidária. A democracia floresce quando supera a ditadura do relativismo e se baseia em pressupostos incontestáveis como o Bem Comum. A ênfase individualista aumenta a lógica utilitarista e mata a comunidade.

 

Lutar contra a cultura da indiferença e do desperdício; lutar contra a subserviência ao poder, parece ser a solução para esta crise. Os partidos têm que ter em vista o Bem Comum e não o interesse específico da sua ideologia ou de outros particulares.

 

Só uma democracia que tenha no horizonte a dignidade da pessoa é que pode ser a saída para a crise atual... A democracia deve ser um desafio para os cidadãos serem melhores na vida quotidiana. Que inclua todos, lute contra a pobreza e cuide dos mais frágeis, produzindo novas lógicas relacionais. Uma democracia que crie uma sociedade onde há espaço para todos. O outro não é um inimigo a ser eliminado através da guerra, mas o irmão e a irmã com quem compartilhar a existência.

 

Certamente que os cristãos podem contribuir para este combate. Um grande antídoto para os problemas da democracia e da tendência atual continua a ser a assunção da responsabilidade pessoal através da participação ativa. Embora não possamos intervir em todos os problemas existentes, podemos agir sobre nós mesmos e, juntamente com outros, fazer a diferença.Trata-se de redescobrir sempre o valor de ser comunidade: todos contribuindo juntos para o Bem Comum. Não nos vermos como uma mera soma de interesses, mas como membros de uma sociedade que sabem reconhecer e valorizar um dos pilares da democracia: a fraternidade, que anda de mãos dadas com a liberdade.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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