Ninguém é tão rico que não...

Crónicas 28 setembro 2024  •  Tempo de Leitura: 3

Ninguém é tão rico que não tenha nada a receber, nem tão pobre que não tenha nada para dar.

 

E voltamos nós aos ditados cheios de sabedoria popular. 

 

Este em particular recorda-me a humildade que devemos ter tanto no ato de dar como no ato de receber. Somos pródigos em atestar a felicidade e o bem estar do outro: ”tu é que estás bem”, “tu é que tens sorte” e em especial quando essa pessoa ostenta um bem-estar monetário que muitas vezes camufla o medo da perda ou o vazio de quem parece que não precisa de ambicionar nada mais.

 

Felizes os ricos… que não a usam como fim mas como meio para a sua satisfação pessoal, sem medo de tomar as dores daqueles que, menos abastados, carecem de tanto e que podem ver as suas angústias mitigadas com alguma estabilidade financeira. Mas, mesmo que abastados monetariamente, acredito que no íntimo todos ambicionam algo mais que não se resuma a bens materiais mas que faça sentir uma alegria impagável. E sabes, amiga, esse prazer geralmente não se traduz em algo físico. Há sempre algo que nos falta, precisamos é de humildade para a procurar.

 

Por outro lado, a segunda parte deste provérbio recorda que quem sabe o quanto custa ter algo, as lutas, e as dificuldades, tende a ter mais empatia por quem passa pelo mesmo. Geralmente se pedires a alguém “pobre” ele tenderá a partilhar o pouco que tem para aliviar a tua dor.

 

Mas nem sempre é assim!

 

Há ricos cheios de soberba, cheios de tudo que se recusam a assumir que falta o que quer que seja e há ricos que já partilham com generosidade o que têm porque já aprenderam que é ”dando que se recebe”.

 

Há pobres que cheios de arrogância, se recusam a dar e até a receber e preferem ser os pobres e desgraçados a arregaçar mangas, e há pobres que não se limitam a dar o que sobra, mas a dar o que lhes faz falta. Sim, porque partilhar o que te sobra é fácil, mas partilhar o que tens e que também te faz falta é AMOR.

 

Independentemente se ser rico ou pobre, todos temos muito para dar e muito para receber e embora nem sempre esta balança pareça equilibrada compete-nos a nós saber o que pomos em cada prato.

 

E tu amiga como estamos de equilíbrio?

Raquel Rodrigues

Cronista "Cartas a uma amiga"

Raquel Rodrigues nasceu no último ano da década 70 do século passado. Cresceu em graça e em alguma sabedoria, sendo licenciada em Gestão, frequenta o mestrado em Santidade: está no bom caminho!

Aproveita cada oportunidade para refletir sobre os sentimentos que as relações humanas despertam e que, talvez, sejam comuns a muitas pessoas. A sua escrita é fruto da vontade de partilhar os seus estados de alma com a “amiga” que pode bem ser qualquer pessoa que leia com disposição cada uma das suas cartas.

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