Precisamos de histórias que façam luz!
«Precisamos de palavras e narrativas que nos ajudem a compreender este tempo, que nos apoiem na luta, naqueles dias em que não vemos saída, histórias que nos orientem para o futuro. Precisamos de histórias que façam luz».
Grito estampado numa publicação do Instagram. Não me recordo onde, nem quando, mas ficou-me na memória e num pedaço de papel que tinha comigo. Procurei-o nesta semana que é dedicada à Educação Cristã pela Conferência Episcopal Portuguesa: “Construtores do Futuro como Peregrinos da Esperança”.
No contacto com jovens adolescentes e jovens adultos, tenho-me confrontado com esta necessidade absoluta de histórias de vida que sejam testemunho de que, de facto, vale a pena desejar um mundo novo, mais justo e mais humano.
Vale a pena não ceder à tentação de não acreditar que é possível. Precisam de histórias que iluminem a noite e deem sentido às suas vidas, que os desafiem e os convidem a ousar caminhos de transformação.
Mas para que tal aconteça a ação pastoral e educacional da Igreja precisa de se tornar menos institucionalizada e mais personalizada, mais humana. Não bastam palavras! Não bastam iniciativas que depois de bens espremidas não passam de números, estatísticas e cotas!
Nenhum crente na família, no mundo escolar e no tecido eclesial, está excluído de um papel missionário e testemunhal que conduz à descoberta de Cristo. Têm que ser histórias vivas da procura de Jesus!
Não é apenas hoje que se vivem momentos de rápida transição e de mudanças de época, em que tudo muda de um dia para o outro. Recordo, ao estudar a vida de Dom Bosco, as mudanças sociais e eclesiais que a revolução industrial trouxe consigo.
Nesses momentos a Igreja deu-nos o testemunho luminoso de muitos Santos que, em nome da caridade, se dedicaram à educação. Para eles, que eram professores, a educação nunca se reduziu a uma explicação de conteúdos, mas traduziu-se numa experiência comunitária, de partilha de vida.
Criaram espaços e tempos de vida comum, dedicaram-se pacientemente ao acompanhamento dos mais novos. Numa dinâmica comunitária, de vida fraterna. De essencialidade!
Educar faz parte do ministério de todo o batizado. A nota pastoral convida, como fez o Papa Francisco, a adotar a atitude de peregrino, e explica que ser peregrino é muito mais do que percorrer ou atravessar o espaço e o tempo, mas é habitá-los. Portanto, é preciso sair dos gabinetes do nosso comodismo e ir ao encontro do outro.
Neste caminho, cada um de nós deve fazer o esforço para encontrar o essencial, caso contrário, é muito difícil tornar-se guia dos outros, especialmente dos jovens que hoje têm antenas para sentir, de imediato, se existe um coração que escuta e acolhe. E é apenas nesta condição que aceitam ser guiados.