O “Blue Monday”! “Crês nisso?”

Crónicas 21 janeiro 2025  •  Tempo de Leitura: 4

Ao escrever esta crónica, percebi que é o “Blue Monday”. De facto, existem dias para tudo! A terceira 2ª feira de janeiro é o dia mais triste e deprimente do ano... Será?

 

Em 2004, Cliff Arnall, psicólogo da Universidade de Cardiff, no País de Gales, deu as seguintes razões: o frio, o mau tempo, as dívidas acumuladas das festas, a culpa por ter abandonado as resoluções de Ano Novo. Este ano, eu acrescentaria em tom irónico, o início da era Trump, que outros saudarão com um sorriso.

 

Porém, nós sabemos que os especialistas em saúde mental defendem que a depressão e as  oscilações de humor não podem ser previstas com precisão com base num  único dia ou fórmula, uma vez que a depressão é uma condição complexa e multifacetada influenciada por vários fatores.

 

Então, deixemos de lado esta importação anglo-saxónica e tratemos de combater e superar a tristeza com a alma, pois a fé move montanhas. A alma também precisa de fortalecer os seus músculos. E que este dia sirva como uma oportunidade para aumentar a sensibilização sobre questões de saúde mental e promover o autocuidado e o bem-estar.

 

O cristão, pura e simplesmente, não acredita que possa existir um dia triste por natureza. É fácil quando o sol está a brilhar, o trabalho que gostamos corre bem e temos um bom domingo para descansar e louvar o Senhor. É mais difícil quando dormimos mal e caminhamos adormentados para um dia aborrecido e repetitivo. Ainda por cima, húmido e chuvoso como hoje.

 

Mas sejamos honestos, nem tudo está a correr mal, aliás, há mais coisas que estão a correr bem e certamente que todos nós conhecemos ou encontrámos recentemente alguém ou alguma coisa que nos proporcionou um momento feliz. Será ainda mais fácil pensar e, portanto ser grato, quando fomos nós que fizemos alguém sorrir, porque pensar nos outros também nos ajuda a afastarmo-nos do narcisismo e a apreciar mais a beleza em que estamos envolvidos.

 

São Tomás de Aquino convida-nos a olhar para além de nós mesmos nos momentos difíceis: «Tudo o que nos faz mal, se o guardamos para nós, aflige-nos mais porque a atenção da alma está nisso mais concentrada; pelo contrário, quando a atenção da alma é exteriorizada, está de alguma forma dispersa para fora, a dor interior é diminuída.» Th. Aq., S.Th. I-II q. 38 a. 2 

 

Uma boa prática, portanto, válida para todos os dias do ano. É dar um passo atrás na autoconsideração e combater a autossuficiência. É parar de pensar que todo o universo gira em torno do nosso umbigo, à volta do que fazemos e do que pensamos.

 

O único exercício verdadeiro e importante da alma é, então, torná-la leve, esvaziá-la de egoísmos estéreis, concentrá-la na salvação que advém da aceitação do amor de Deus.

 

Como podem ver, não me diz nada o Blue Monday. Eu escrevi sobre o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos e sobre as atitudes que todos temos de ter para que Sejamos Um Só

 

Crês nisso?

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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