Criar laços, Construir pontes.
No domingo em que se celebrou a Palavra de Deus, deu-se o encerramento do primeiro grande evento deste ano jubilar: o Jubileu da Comunicação.
Jubileu é uma palavra antiga e desconcertante. É um desafio a recuperar o significado de todas as outras palavras. É um desafio a não ter medo de recomeçar se a conversa parecer ter ficado a meio. É um desafio a não ceder à incomunicabilidade, se esgotamos todas as nossas palavras, a ponto de as tornarmos sem sentido, sem profundidade e sem espiritualidade.
Não é um evento espetacular. Um momento de celebração por si só, talvez para nos distrair nos nossos dias. Na verdade, é o contrário. É uma oportunidade de recomeçar que abre espaço ao futuro. Pensando na Porta Santa, é o limiar da esperança que nunca mais acaba. É um caminho. É uma viagem de conversão do coração.
Pensemos na multidão de pessoas vindas de todo o mundo que caminham pela Via della Conciliazione em direção à Basílica de São Pedro, ao túmulo de um pescador. Este caminho é a nossa história entrelaçada com a de muitos outros. Olhamos em redor e percebemos que é uma viagem pessoal e ao mesmo tempo coletiva. É o caminho de cada um, mas partilhado por todos. Homens, mulheres, crianças, jovens e idosos, pessoas de todas as nacionalidades e de todos os estratos sociais, que se encontram ao longo deste caminho.
O caminho é, assim, fraternidade. A viagem é uma escola que nos forma, que nos ensina. A caminhar aprendemos a sair de nós mesmos, a criar laços, a superar incompreensões e preconceitos, a sentirmo-nos família, a colocarmo-nos ao serviço dos outros. Tornarmo-nos construtores de paz, criando fraternidade, através do diálogo e da proximidade.
O nome de Deus nunca poderá ser ódio, violência ou divisão, mas sempre amor, paz e unidade.
Os comunicadores, principalmente os crentes, cuidando das palavras, cuidam do mundo. São aqueles que são capazes de escutar o pulsar das existências para as fazer falar com a sua voz. Aqueles que vêm com o coração e sabem abrir o olhar para além dos desertos que temos de atravessar. Aqueles que transmitem esperança concreta porque se fundamenta na Fé. São aqueles que constroem redes e pontes...
E não teremos que ser todos nós, que caminhamos pelas ruas da reconciliação em direção ao túmulo da Ressurreição?