Ser Professor

Crónicas 5 outubro 2017  •  Tempo de Leitura: 3

Já tive quem me afirmasse que para se ser professor é preciso ser um super-herói. Ou então padecer de um grau elevado de masoquismo. Que quem escolhe fazer disso a sua vida só pode ser uma alma perturbada que certamente não raciocinou bem na altura em que escolheu a sua carreira. Ou então que não tem quaisquer alternativas profissionais e essa foi a profissão que sobrou quando todas as outras não ofereciam oportunidades de emprego. Porque ninguém no seu devido juízo escolhe ser professor - ninguém acorda um dia e decide "vou, a partir de hoje, abdicar de grande parte do meu tempo livre e escolher uma profissão da qual é difícil de desligar quando saímos do trabalho e voltamos para casa, isso nos dias em que não temos mesmo de ficar a trabalhar até tarde para corrigir uma quantidade inumana de testes ou outras avaliações".


Também já tive quem me dissesse que ser professor era uma profissão facílima e descansada. Que, podendo ser professor, quem escolhe outra profissão só pode ser uma alma perturbada que certamente não raciocinou bem na altura em que escolheu a sua carreira. Ou então que concorreu mas não obteve vaga numa qualquer escola, e então teve de optar por outra profissão mais trabalhosa. Porque ninguém no seu devido juízo rejeita um emprego como ser professor - ninguém acorda um dia e decide "prefiro não exercer este trabalho em que tenho montes de tempo livre, pouquíssimas horas letivas por semana e vários meses de férias ao longo do ano, e sou visto como um super-herói, e vou antes optar por outra profissão que me dá muito mais trabalho e preocupações e em que o meu valor não é reconhecido."


Pois sou mesmo professor. E sou professor já há muitos anos. E se neste tempo todo aprendi alguma coisa, é que esta profissão é certamente das mais cansativas, e das que mais consome quem a assume; que não há férias, fins de semana, noites ou horas livres em que, de uma forma ou de outra, não se pense em questões e problemas profissionais; que o trabalho vai muito para além do ensino e da correção de testes. E que não escolheria ser outra coisa. Não sou um super-herói, e nenhum professor o é, mas faço um dos trabalhos mais importantes do Mundo: tentar ajudar as próximas gerações a atingirem o seu potencial e a serem o melhor que consigam, pessoal e profissionalmente.
 

És fã de um artista? De um cientista? De um ator? De um médico? De um cantor? De um futebolista?
 

És fã de um super-herói?

Eu ensino os meus. Há melhor profissão que essa?

 

[©José Rainho | Imagem: licença Public Domain]

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