Meter Deus ao barulho
"Não deixes de meter Deus ao barulho."
Pedro Sousa – Seminarista do Seminário Conciliar de Braga
Cada vez tenho mais certezas que as palavras têm um toque especial na nossa vida.
Acredito, cada vez mais, que há palavras que foram combinadas na perfeição para que nos abalem e nos deixem inquietos.
E estas palavras não me deixaram indiferente:"...meter Deus ao barulho.".
Gosto de sentir que cada palavra amadurece em mim, para que depois consiga expressar aquilo que me vai inquietando no meu coração e na minha alma.
Como posso "...meter Deus ao barulho"?
Como posso fazer barulho com Deus, se Ele se manifesta no silêncio?
Como posso causar burburinho com Deus, se Ele prefere fazer tudo pela calada?
Como posso escandalizar com Deus, se Ele é Mestre na simplicidade?
A verdade é que tudo isto pode ser feito com a nossa vida. Através da nossa forma de estar. Através dos nossos atos. Através das nossas palavras. Através do nosso sorriso. Através do nosso olhar. Através do nosso toque. Ao fim e ao cabo, através daquilo que somos.
É realmente necessário "...meter Deus ao barulho", porque onde há barulho há vida.
E em toda e qualquer vida é preciso que este Deus seja falado. É preciso que não se deixe de demonstrar que este Deus, mesmo sendo reservado, vai atuando e causando perplexidade naqueles que ainda não O conhecem.
Não é necessário muito para "...meter Deus ao barulho". Não precisamos de manifestações. Não precisamos de obrigações. Não precisamos sequer de megafones, porque a nossa presença e o nosso testemunho, no silêncio das nossas vidas, colocarão sempre este Deus no meio de qualquer coisa.
É preciso, isso sim, compromisso, lealdade e autenticidade. Se conseguirmos ser a Sua verdadeira presença neste mundo, estaremos, constantemente, a "...meter Deus ao barulho". Estaremos, constantemente, a relembrar que por mais que sejamos perseguidos, gozados ou incompreendidos, jamais nos esqueceremos do barulho do maior Amor. Jamais abandonaremos Aquele que, tendo sido rejeitado, continua, incessantemente, à espera.
Tenhamos a coragem de sermos a verdadeira Boa Nova no mundo, para que este Deus esteja sempre presente. Não como obsessão ou fanatismo, mas como proposta de um amor que só faz sentido se for acolhido na liberdade de cada um.
Tenhamos a coragem de "...metermos Deus ao barulho" não para que se calem outras vozes, mas para que se dê voz a todos aqueles e aquelas que no meio das suas dores, das suas doenças, dos seus pecados e das suas tribulações não têm quem lhes mostre o caminho da esperança.
Sejamos, efetivamente, o barulho de Deus!