Genes, mimetização e lucidez crítica
Comecemos pelo mais elementar. Vamos deixar de lado os quarks, os leptões e os bosões, estruturas elementares estudadas pela física das partículas, na escala do ainda mais pequeno do que o subatómico. Carl Sagan afirmou em meados do século passado que se viajássemos pelo interior de um eletrão encontraríamos um universo desconhecido, constituído por outros universos desconhecidos, numa espécie de analogia do muito grande das galáxias, aplicado ao muito pequeno (como no zoom out, assim no zoom in…). No mais conhecido e material com que lidamos, os químicos interpretam satisfatoriamente as propriedades e as transformações da matéria com base na existência de átomos, constituídos por eletrões, protões e neutrões. Os átomos, singularmente ou associados em moléculas, são aquilo que somos e o universo que habitamos.
Concentremo-nos em cinco tipos de átomos: hidrogénio, carbono, nitrogénio (azoto), oxigénio e fósforo. Estes são os átomos constituintes da “mais prodigiosa molécula do mundo”, o DNA (ácido desoxirribonucleico). Esta moléculaorgânica, com uma estrutura em hélice, existe no núcleo das nossas células e tem associada as instruções genéticas que nos constituem.
O DNA, juntamente com o RNA (ácido ribonucleico), constituem os ácidos nucleicos. Os nossos tão falados genes são sequências específicas destes compostos. Os seres humanos possuem cerca de vinte mil tipos de genes diferentes. O conhecimento detalhado da complexa informação hereditária dos nossos genes é uma conquista do século XXI e dá pelo nome de genoma humano. O nosso genoma é constituído por vinte e três pares de cromossomas, contendo, cada um, uma multiplicidade de genes.
Quase irónico e de inspiração evolutiva, é o facto do nosso genoma diferir apenas em 1% do genoma do chimpanzé. Com ratos e cavalos a situação não é muito diferente: partilhamos a grande maioria do património genético com estas espécies animais.