Regras para ordenar-se no votar
Num processo eleitoral democrático, como aquele que estamos a viver, temos diante de nós uma escolha pessoal, com profunda implicação na sociedade. Será possível – inspirando-nos na tradição espiritual inaciana – enunciar alguns princípios e critérios que ajudem a formar uma opinião e consequente escolha, ao aproximar-se um ato eleitoral?
Santo Inácio de Loiola desenvolveu uma autêntica atividade política, isto é, envolveu-se intensamente na “polis”, não se esquivando aos assuntos relevantes da “cidade” e da sociedade do seu tempo. Prova disso é o seu extenso epistolário. Para além das questões de ordem espiritual, as quase 7.000 cartas inacianas tratam, em número considerável, de assuntos económicos ou “políticos”. E toda esta atividade coexistia com uma profunda vida espiritual. Na sua forma de ser e estar, Inácio desenvolveu um modo de proceder que tanto o tornava próximo dos problemas de um mendigo ou de alguém que buscava conselho, como do Papa ou de um rei, sem com isso perder a liberdade e o foco espiritual. Referindo-se ao modo de fazer uma escolha pessoal importante (que designa como “eleição”) escreve o seguinte: “em toda a boa eleição, quanto é da nossa parte, o olhar da nossa intenção deve ser simples, tendo somente em vista o fim para que sou criado, a saber, para louvor de Deus nosso Senhor e salvação da minha alma; e assim, qualquer coisa que eu eleger deve ser para que me ajude para o fim para que sou criado” (E.E. 169).
“em toda a boa eleição, quanto é da nossa parte, o olhar da nossa intenção deve ser simples, tendo somente em vista o fim para que sou criado, a saber, para louvor de Deus nosso Senhor e salvação da minha alma; e assim, qualquer coisa que eu eleger deve ser para que me ajude para o fim para que sou criado” (E.E. 169).