A ecologia do eles

Notícias 4 julho 2024  •  Tempo de Leitura: 3

Recorda-nos a Laudato si’ (LS), mais ou menos universalmente aceite, que a ecologia integral inclui as dimensões humanas e sociais. “Tudo está interligado… Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental.” (LS, 139). É deste pressuposto que parto.

 

Vivemos numa sociedade onde se exalta cada vez mais o eu e que responde cada vez mais com o ele ou o eles. É ele ou são eles os responsáveis, são eles os culpados… Será fuga, distração, será falta de autoconhecimento de nós próprios, ignorância…? Compreende-se a facilidade de dizer: ele ou eles. Não compromete, não sou eu. E mais, alivia a minha consciência.

 

Que justiça é esta? Uma justiça pouco justa porque falha na essência. Uma justiça que diz que tudo tem de ser perfeito. Uma justiça que exige do outro sem que eu me tenha de implicar. Uma injustiça que diz: eu nunca faço por mal, o outro, sim, faz muitas vezes por mal.

 

A preocupação pelas mudanças climáticas tem vindo a ganhar cada vez um maior relevo, e não só nas agendas políticas. A ecologia é cada vez mais tema e este é cada vez mais pronunciado na segunda pessoa do singular ou na terceira pessoa do plural. Os governantes, as empresas, as instituições, eles são os maiores poluidores.

 

São muitas as manifestações que pedem uma maior atenção à necessidade de cuidarmos do nosso planeta. O assunto parece, e é, realmente sério. São muitos os indicadores que nos alertam para a destruição séria do nosso planeta e para a degradação das condições humanas, em muitos sítios . Esta chamada de atenção vem da esquerda, da direita, de organizações ambientalistas, de cientistas, da Igreja, etc. Estamos preocupados com o ambiente ecológico e social.

 

Já vamos na COP 28, de onde têm saído uma série de indicações e metas a atingir. Reparo que os protestos se dirigem, de modo geral, aos governos e às empresas, mas tem-me vindo à cabeça uma pergunta: quem são os consumidores? Quem são os promotores dessas lógicas consumistas? Não seremos nós? São eles ou sou eu também?

 

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