O sexo e a comida são queridos por Deus

Razões para Acreditar 21 setembro 2020  •  Tempo de Leitura: 2

Para o Papa o prazer "é simplesmente divino" e a Igreja, embora condene o "prazer desumano e vulgar", sempre aceitou "o prazer humano, sóbrio e moral". Desta forma respondeu à provocação de Carlo Petrini, que tinha dito que a "Igreja Católica sempre anulou o prazer, como se fosse algo a evitar".

 

Para o Papa, "o prazer de comer existe para nos manter saudáveis pela alimentação, tal como o prazer sexual existe para que o amor seja mais bonito e para garantir a perpetuação das espécies". Constata assim uma "moralidade beata" que leva a Igreja a reprovar o prazer devido "a uma má interpretação da mensagem cristã".

 

Tem razão o Papa: a desvalorização do prazer deveu-se à influência platónica que inquinou a antropologia cristã. Para o platonismo a alma era pura, bela, perfeita, enquanto o corpo era pecaminoso e sujo. O corpo seria o cárcere da alma. Nesta perspetiva, devia rejeitar-se o prazer e mortificar o corpo para libertar a alma dos apelos da natureza.

 

Para um cristão que acredita num Deus incarnado, sem separar o homem de Deus, não faz sentido tal dicotomia. E, menos ainda, o antagonismo de um elemento para com o outro. Na perspetiva cristã, o homem é um espírito incarnado.

 

Para além disso, o cristão acredita que Deus criou o homem e a mulher sexuados e chamados a viver a sexualidade de forma sadia. Por isso, na moral cristã será tão condenável fazer da sexualidade um tabu, ou algo que é sempre pecaminoso, como cair na sua banalização ou idolatrização.

 

Nesta medida, as afirmações do Papa sobre o prazer sexual e o da refeição têm um significado mais profundo do que à primeira vista possa parecer. Libertam a fé cristã de uma conceção filosófica do ser humano que não se coaduna com a pregação de Jesus e devolvem à natureza a dignidade conferida pelo Criador.

Artigos de Opinião Jornal de Notícias. 

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