A radiografia do Papa à humanidade
No seu discurso à ONU, na passada sexta-feira, no âmbito das comemorações dos 75 anos desta organização, fez um diagnóstico completo à situação mundial em tempo de pandemia. Identificou e nomeou os problemas centrais que afetam o planeta. Denunciou a impunidade com que são violados os direitos fundamentais. "A lista destas violações é muito grande e faz-nos chegar à terrível imagem de uma humanidade violada, ferida, privada de dignidade, de liberdade e de possibilidade de desenvolvimento", diz o Papa.
A pandemia, para o Papa, "pode representar uma oportunidade real para a conversão, a transformação, para repensar o nosso modo de vida e os nossos sistemas económicos e sociais". Como pode também abrir caminho ao que Francisco denomina um "recuo defensivo" com o fechamento em opções "individualistas e elitistas".
Neste contexto, só são possíveis dois caminhos. "Um conduz ao fortalecimento do multilateralismo, expressão de uma corresponsabilidade global renovada, de uma solidariedade baseada na justiça e na realização da paz e da unidade da família humana". O outro caminho "dá preferência a atitudes de autossuficiência, nacionalismo, protecionismo, individualismo e isolamento, deixando de fora os mais pobres, os mais vulneráveis, os habitantes das periferias existenciais". O Papa propõe que seja trilhado o primeiro.
As Nações Unidas têm um papel decisivo a desempenhar nesta escolha: "Foram criadas para unir as nações, para aproximá-las", segundo Francisco. E poderão contribuir decisivamente para "transformar o desafio que enfrentamos numa oportunidade de construirmos juntos, mais uma vez, o futuro que desejamos".
Quem quiser rapidamente conhecer os grandes dramas que afetam a humanidade, leia o discurso do Papa à ONU. Este não se fica pela identificação das dores da humanidade, mas propõe uma terapêutica adequada para as debelar. Nele aparecem, também, a suas propostas. Oxalá a ONU consiga liderar a sua aplicação.