A dimensão mística da ecologia
Na última quarta-feira [16.09.20] focalizou-se na necessidade de cuidar: "Para sair de uma pandemia é preciso cuidar-se e cuidar uns dos outros. Devemos apoiar aqueles que cuidam dos mais débeis, dos doentes e dos idosos", afirmou o Papa. E acrescentou: "Estas pessoas - bem definidas pelo termo "cuidadores", aqueles que cuidam dos doentes - desempenham um papel essencial na sociedade atual, mesmo que, muitas vezes, não recebam o reconhecimento nem a remuneração que merecem".
A partir do conceito "cuidar", o Papa chama a atenção para dois temas que lhe são caros: o cuidado com a casa comum; e o cuidado com os mais pobres. "Os nossos irmãos e irmãs mais pobres e a nossa mãe terra gemem pelos danos e injustiças que causámos e reclamam outro rumo. Reclamam de nós uma conversão, uma mudança de rumo: cuidar também da terra, da criação", disse.
Associar a causa ecológica ao cuidado dos mais pobres já foi por diversas vezes proposto pelo Papa. Fazer do cuidado do ambiente e do nosso semelhante o resultado de uma atitude contemplativa é também um tema muito caro ao Papa. "Quem sabe contemplar mais facilmente se porá em ação para mudar o que produz degradação e danos à saúde. Comprometer-se-á a educar e a promover novos hábitos de produção e consumo, contribuindo para um novo modelo de crescimento económico que garanta o respeito pela casa comum e o respeito pelas pessoas".
Para o Papa, contemplar e cuidar "são duas atitudes que mostram o caminho para corrigir e reequilibrar a nossa relação como seres humanos com a criação".
Está-se mais habituado a considerar a contemplação como a atividade própria dos que se isolam em mosteiros para dedicar toda a sua vida à oração e à comunhão com Deus. Segundo o Papa, pode ser-se contemplativo no mundo em que se vive, contemplativo na ação.
É a grande novidade desta catequese: sublinhar a dimensão contemplativa da ecologia.