Cadeias promotoras da reintegração
Muitas das atividades foram suspensas, as visitas foram limitadas, as saídas precárias passaram a implicar uma quarentena em isolamento dos outros reclusos. A assistência religiosa e espiritual presencial esteve suspensa durante longos períodos. O culto, mesmo sendo um direito constitucional, foi suprimido para salvaguardar um bem maior, a saúde dos reclusos.
Aqueles que consideram o tempo de reclusão como uma punição pelos crimes cometidos não veem qualquer problema em que os reclusos sejam sujeitos a um castigo ainda maior por causa da pandemia. Pelo contrário, acham que deveriam ser ainda mais castigados.
Já quem olha para o tempo de reclusão não só como uma punição, mas como um tempo de conversão, de mudança de vida e de reintegração na sociedade, a pandemia veio dificultar, e muito, esse processo.
Para o Papa Francisco, o tempo de reclusão é um "tempo em que se corrigem os erros do passado" e um tempo "de esperança no futuro". Afirmou-o num encontro com guardas prisionais e técnicos ligados aos serviços prisionais, em setembro de 2019. Referiu-se a estes profissionais como "tecelões da justiça e da esperança". E pediu mesmo aos guardas que fossem "pontes entre a cadeia e a sociedade".
Estes dias são tempos de desconfinamento também nas cadeias. E de relançar a assistência espiritual e religiosa em ambiente prisional: hoje, reúnem-se em Fátima assistentes espirituais e religiosos católicos de todo o país para refletir sobre o que é específico do seu carisma.
Segundo o Papa, eles são chamados a ser nas cadeias "semeadores pacientes da palavra, incansáveis buscadores dos que andam perdidos, arautos da certeza de que todos e cada um são preciosos para Deus, pastores que colocam sobre seus frágeis ombros as ovelhas mais fracas".
Saibam os assistentes espirituais e religiosos ser fiéis aos desafios do Papa. E que todos os que trabalham com os reclusos saibam promover caminhos de verdadeira regeneração espiritual e reintegração social.