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a sua tag: "Marta Arrais"
Somos doutorados em dizer adeus. Mas quando chega a hora de o fazer falham-nos as forças, as pernas, os braços, o ânimo. Convencemo-nos sobre o domínio da ciência da despedida mas na hora do tem que sernão temos, sequer, a quarta classe. Talvez faça sentido recomeçar este texto.
Falta-nos empatia. Falta-nos abandonar os nossos pedestais de estimação. Falta-nos sair dos lugares onde cultivámos raízes. Falta-nos saber que existem outras pessoas para além da que vemos do outro lado do espelho todos os dias. Estamos desfocados dos outros e demasiado focados em nós e no que prec
Queimaram-nos as pontes floridas que trazíamos dentro do peito. Deixaram-nos sem panos brancos para hastear as velas do nosso barco e sem remos para lhe traçar um rumo que nos faça ganhar a viagem. Substituíram os rios que nos corriam cá dentro por terras que nunca sonharam, sequer, com água.
Eu sei. Sei que o assunto não é novo e que talvez já canse ler sobre a mesma coisa. Ou não. Não me parece que estejamos cansados o suficiente de ler e ver o mesmo. De ouvir o mesmo. De bombardear com o mesmo. De dizer o mesmo. De atacar com o mesmo. De repetir o mesmo.
Vivemos reféns do que não somos. Do que queremos parecer. Do que queremos dar a conhecer superficialmente. Do que nos convém deixar transparecer. Da imagem que precisamos que os outros vejam.
Temos uma tendência assustadora para varrer tudo para debaixo dos nossos tapetes internos. Não quero pensar nisto agora. Varro para debaixo do tapete. Não quero confrontar-me, agora, com esta minha fragilidade. Varro para debaixo do tapete. Não quero perceber que está tudo fora do sítio. Varro para
Aceitar sem compreender é, talvez, um dos maiores desafios a que nos propomos. O que nos apetece, realmente, é não aceitar sem compreender. É como se colocássemos uma condição. Eu só aceito se compreender. E, por isso, acabo por aceitar muito pouco.
Guarda-te de julgar. Priva-te do pessimismo e das mordidas nos calcanhares alheios. Guarda-te de sentir que sabes o que vai do lado de lá da barricada de cada pessoa.
Estamos habituados a não conseguir lidar com o que não nos faz bem. Ou com o que consideramos como mau ou terrível. Parece-me aceitável que nos seja mais fácil conviver quando tudo está bem e quando não há vislumbre de tempestade.
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