O amor não se paga!
Na passada terça-feira, dia 1 de maio, dirigi-me ao Santuário de Fátima para a XXII Peregrinação Nacional dos Acólitos. Para mim, tal como para todos os cristãos católicos, Fátima é o verdadeiro altar do mundo, acolhendo milhares de pessoas independentemente das suas crenças. Ali todos se deixam tocar pelo ambiente envolvente e pelo mistério da fé que acontece na vida de cada um.
São milhares os peregrinos que chegam até junto da Mãe para se confortarem na Sua verdadeira presença, mas a verdade é que muitos vêm junto de Nossa Senhora fazendo d'Ela aquilo que Ela não é. Nossa Senhora, perdoem-me a expressão, é muito mais do que uma "milagreira". É muito mais do que uma "santeira". Nossa Senhora é, sem sombra de dúvidas, a mulher que na liberdade do Seu sim foi capaz de confiar-Se ao Senhor.
É verdade que em muitos momentos da nossa vida a fé é a única coisa que nos resta, mas aquilo que Nossa Senhora continua a pedir-nos não é um requerimento cheio de promessas de joelho em volta da capelinha das aparições, nem um sem-número de idas ao local da Sua aparição como se de um pagamento se tratasse. Perdoem-me, mas se a nossa fé está alicerçada nesta forma de pensar e de atuar, acreditando que precisamos de "pagar" para chegar mais rápido junto do Pai, então ainda não conseguimos perceber, verdadeiramente, a misericórdia deste Deus que sendo Pai deixa levar-se pelas Suas entranhas de mãe amando-nos sem medida.
Nossa Senhora intercede por todo e qualquer coração que se dirige humildemente a Si!
Nossa Senhora aponta-nos para o Seu Filho não por que Ele esteja distante, mas para que não O percamos de vista. Deus, revelado no Seu Filho, demonstrou e continua a demonstrar que não é estratosférico. Deus está bem presente atuando e deixando-Se comover pela nossa oração. Deus está, muitas vezes em silêncios perturbadores e sem explicação, mas aguentando-nos no Seu amor. Deus está sempre!
As promessas que Nossa Senhora nos pede é que dediquemos a nossa vida ao seu Filho com tudo o que existe nela: alegrias, tristezas, pecados, angústias, inquietações, doenças, derrotas, conquistas... Ela pede que prometamos a nossa vida numa oração incessante ao Seu amado Filho.
A certeza da nossa fé não está na quantidade de milagres, nem na dor que aplicamos nas nossas promessas, mas sim na vivência de que nunca caminharemos sós.
"Temos Mãe!" dizia alegremente o Santo Padre, a 13 de maio de 2017, e que tenhamos isto bem presente, para que n'Ela encontremos o conforto, a esperança e a alegria do resSuscitado.
Não façamos da nossa fé um mero "terminal de pagamento", nem peçamos o conhecimento e a cura de tudo e de todos, mas a capacidade de sermos verdadeiros obreiros do amor, da misericórdia e da Graça deste Deus que nunca nos abandona.