Dar o melhor de si

Crónicas 26 junho 2018  •  Tempo de Leitura: 3

Vivemos dias de muito futebol. Portugal segue em frente no Campeonato do Mundo e o Sporting é motivo de muita apreensão.  Não sei se o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, da Cúria Romana teve em atenção o mundial, no entanto, parece-me  muito interessante o documento publicado no inicio deste mês de junho: «Dare il meglio di sé», «Dar o melhor de si».

 

Pierre De Coubertin, inventor dos Jogos Olímpicos modernos e do Comité Olímpico Internacional, dizia que o desporto serve para tornar o mundo melhor e mais pacífico.

 

O Papa Francisco, na mensagem que acompanha esta publicação, exorta a dar o melhor de si para dar vida, através da prática desportiva, a uma cultura de encontro sem distinção de raças, sexo, religião ou ideologia, como único e sério antidoto contra o "individualismo desenfreado" e a "cultura do descarte".

 

Generosidade, humildade, alegria, constância e sacrifício, e também, espírito de grupo, respeito, competição sadia e solidariedade com os outros, são para Francisco, as virtudes e os valores do desporto a transmitir aos jovens. E este é um aspeto que as nossa comunidades cristãs estão a transcurar. Recordo, com saudade, os tempos em que via as paróquias preocupadas em criar estruturas para proporcionar aos mais jovens o futebol 11, futebol de salão, basquetebol, andebol entre outras modalidades. O objetivo não era apenas a divulgação do desporto mas, e acima de tudo, a transmissão destas virtudes e destes valores aos mais jovens.

 

Mas a reflexão deste Dicastério não fica por aqui. Também alerta para a "instrumentalização" que muitas vezes se faz do desporto: a degradação do corpo; o doping; a corrupção e as possíveis ambiguidades entre os adeptos, que podem degenerar em violência verbal e física, em racismo ou em "ideologias extremistas".

 

E isto "vê-se" quando se tratam os atletas como mercadoria, propriedade de clubes e empresários de futebol ou outras modalidades desportivas. "Vê-se" quando se negoceiam a vida de "promessas" ainda jovens e que são obrigadas a abandonar a família em troca de um futuro promissor com títulos, medalhas ou muito dinheiro. Estes perigos estão presentes quando se faz tudo para vencer. O texto é claro sobre a necessidade do "fair play", sobre o "jogo limpo". O doping e a corrupção só traz a desconfiança, a descredibilização e a mentira.

 

Não transformemos o desporto num novo "campo de batalha" entre o ser humano.

 

«Quando se dá o melhor de si mesmo, experimenta-se a satisfação e a alegria da realização pessoal. Acontece na vida como na vivência da fé cristã. Cada um de nós deveria dizer um dia, como São Paulo, "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé" (2 Tm 4,7). Este documento pretende ajudar a compreender a relação entre o dar o melhor de si mesmo no desporto e a fé cristã vivida no dia a dia.»

 

Uma semana verdadeiramente desportiva.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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