A Religião na Escola

Crónicas 25 setembro 2018  •  Tempo de Leitura: 4

Perante fenómenos, pequenos mas sangrentos, de fundamentalismo islâmico; muitas vezes, perante reações contrárias, também fundamentalistas; perante a necessidade de uma educação para o diálogo e o conhecimento mútuo, faz sentido a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) na escola? E o que é que ela pode fazer por estas situações?

 

Do meu ponto de vista, a EMRC na escola "não é catequese", como aquela ministrada na paróquia, mas "cultura". Uma cultura religiosa e ética cristã. E esta deve ser a preocupação dos "agentes" eclesiais. Devemos recomendar aos nossos jovens a frequência desta disciplina por ser uma importante oportunidade formativa como pessoas e cidadãos.

 

A frequência da EMRC ajuda os jovens a tomarem consciência do património e da cultura sobre o qual se fundamenta a civilização Ocidental. Portanto, não só introduz as interrogações universais sobre a existência humana, como oferece a todos, cristão ou não, a possibilidade de compreender a sociedade e a cultura do nosso país e da europa.

 

A presença, cada vez mais visível, de religiões diferentes daquela católica, são sem dúvida alguma uma riqueza. A EMRC na escola ajuda a abrir o diálogo para a sã convivência e o respeito pelas diferenças.

 

Marginalizar a dimensão religiosa é ingénuo e anti-humano, porque quer privar a pessoa de uma dimensão essencial que se revela indispensável. Hoje ainda mais. As raízes religiosas são um tesouro, direi único, ao qual se deve aceder para evitar a cultura do descarte que vivemos. Riqueza que nos retira do individualismo exasperante e dos conflitos por interesses económicos que destroem apenas por "lucro pessoal ou empresarial".

 

O objetivo da EMRC na escola não se reduz à transmissão de informações, mas pretende ajudar os alunos a adquirir uma "sabedoria", uma tensão constante na procura do conhecimento, acompanhada pela consciência que a verdade está sempre para além da própria compreensão do ser humano. Neste sentido, o trabalho destes professores é de acompanhar os jovens na formação de uma identidade livre e responsável e de um olhar crítico sobre a realidade.

 

O Papa Francisco, num discurso que fez em 2013 a alunos de escolas orientadas por jesuítas, disse: «A escola é um dos ambientes educativos no qual se cresce para aprender a viver, para nos tornarmos homens e mulheres maduros, capazes de caminhar e percorrer a estrada da vida. Como é que a escola vos ajuda a crescer? Ajuda-vos não só no desenvolvimento da vossa inteligência, mas na formação integral de todas as componentes da vossa personalidade.»

 

Pegando nas palavras do Papa, vemos que é necessária uma formação completa da pessoa. Não podemos transcurar a dimensão religiosa. Aliás, não se poderiam compreender muitos dos acontecimentos históricos; muitas das obras literárias e artísticas e, sobretudo, perceber e entender a motivação profunda que move tantas pessoas a conduzir a sua vida em nome de princípios e de valores anunciados à dois mil anos por Jesus de Nazaré.

 

O conhecimento da religião cristã tem um papel fundamental na compreensão da sociedade atual porque permite perceber os aspetos importantes da nossa identidade cultural e ajuda-nos nas relações com as pessoas de culturas e religiões diferentes.

 

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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