O Luxo do Tempo e do Silêncio no Mundo Virtual
A nossa história atravessa uma fase em que eu me atrevo a chamar "sensível". Qualquer coisa que aconteça; qualquer coisa que digam ou escrevam e que não me convém, subitamente começo a "disparar" em todos os sentidos.
Exemplo disso, foi o episódio do professor que falou sobre os "beijinhos aos avós". Foi o episódio de uma jornalista criticar outra por se despedir com um "Até amanhã se Deus quiser".
Posso até dizer qual a minha opinião pessoal sobre estes dois casos. Sou a favor de beijinhos, ou sobretudo, de uma boa formação ou uma boa educação, bem como gosto de ouvir, enquanto cristão, o nome de Deus e a Sua vontade.
Porém, o que me custa mais é a agressividade com que se defendem as nossas causas, principalmente no mundo dito de virtual ou das redes sociais. Defendo que as ideias podem-se discutir, mas as pessoas devem ser respeitadas. Não gosto de transformar quem tem uma opinião contrária à minha num inimigo a abater. Muitas vezes me questiono se o que escrevemos no facebook, instagram, twitter, ou noutros fóruns online, teríamos a mesma coragem de o dizer presencialmente. Como cristão tenho o dever de aproximar o Virtual do Real.
Temo que muitas das vezes já sejamos assim na vida real, ou seja, contentámo-nos em criticar a opinião do outro sem procurar as razões pelas quais ele pensa dessa forma e pelo facto de pensarmos diferente. E na internet, onde temos essa possibilidade de manter um certo anonimato ou uma certa segurança pela distância física, sintamos um maior conforto através do teclado para dizer as coisas mais odiosas e viscerais. Damos azo às nossas pulsões primárias e agressivas.
Quando discordamos devemos manter-nos calmos. Convido sempre os meus alunos, que só dizem disparates porque não pensam um pouco antes de falarem, para contarem até dez, creio que os adultos também precisam de fazer o mesmo exercício ou algo semelhante antes de "teclar". Temos que saber comunicar, mesmo com aqueles de quem discordamos, com argumentos racionais e jamais com as mesmas "armas" com que "somos atacados".
Conceder-nos o luxo do tempo e do silêncio!
Esta deve ser uma regra de ouro para nos darmos bem nas redes sociais. A comunicação digital pela sua rapidez, empurra-nos para respostas apressadas, pouco refletidas o que gera tantas e tantas vezes, superficialidade, ignorância, equívocos e erros colossais.
Também aqui devemos "espiritualizar" a nossa vida: ler com calma tudo o que é escrito e dito. Diminuir a frequência das publicações, ponderando muito bem as palavras e intervalar isto tudo com momentos de silêncio. Porque é neste que encontramos o prazer de estar em rede. O cristão deve aproveitar a net como lugar de encontro e fraternidade. Autodisciplina, paciência, inteligência e um pouco de bom humor, são os ingredientes para viver bem o mundo digital, mesmo com aqueles que não partilham os nossos valores.
Votos de uma semana serena e paciente no mundo real e virtual.