O Cristianismo tem futuro?

Crónicas 7 maio 2019  •  Tempo de Leitura: 3

Esta pergunta, um tudo ou nada desnecessária, surge como consequência da minha última crónica onde deambulei sobre a Exortação Apostólica do Papa Francisco, "Christus Vivit". Nessa procurei salientar o que, do meu ponto de vista, é a chave de leitura e compreensão do texto, esse Anúncio Pascal "Cristo Vive"!

 

Durante estes dias, em diálogos com alguns dos meus leitores, constatei que hoje existe uma franja de adultos que voltam à Igreja porque os seus filhos frequentam a catequese ou grupos juvenis paroquiais e celebram os respetivos sacramentos.

 

Em tempos li uma obra de Maurice Bellet, «La quatrième hypothèse. Sur l'avenir du christianisme» (A quarta hipótese. Sobre o futuro do cristianismo - Desclée De Brouwer, Agosto 2001), onde este se debruçava sobre o fim do cristianismo. O autor é padre, filósofo e teólogo francês.

 

Maurice parte do pressuposto de que o cristianismo está ameaçado pelo secularismo e pode desaparecer. E quais são essas 4 hipóteses? Vou tentar expô-las de uma forma simplificada.

 

A primeira é simplesmente o desaparecimento do cristianismo. Com isso, o Cristo da fé, desaparece. Fica apenas uma ou outra recordação nos monumentos, na arte e num pequeno grupo de ferozes adeptos.

 

A segunda é que ele se dilui. A contribuição dos valores evangélicos faz parte do património comum da humanidade como um elo de uma tradição religiosa maior, ou um componente de um sistema de pensamento e nada mais. Jesus pode ser encontrado como todos os deuses "num pantheon hindu" como escreve o autor.

 

A terceira hipótese é que o cristianismo continua, através de uma dialética feita de conservação, de restauro e de aggiornamento, ou seja, de atualização, onde opções opostas permaneçam «internas num mesmo conjunto, fundamentalmente inalterado".

 

A quarta é o possível renascimento. Para Maurice, é o fim de um sistema religioso ligado à modernidade do Ocidente e que subsistiu graças à interdependência entre a sociedade e o cristianismo. Mas a "morte" deste não é necessariamente o fim de tudo, mas antes, um novo inicio. Não se sabe ainda se este é bom ou mau, mas sabe-se que se está no inicio. E isto depende de nós!

 

Se o "cristianismo tem um futuro?" continua uma pergunta fundamental, mas assume uma conotação preenchida de esperança! Por isso é que a Igreja vem ao longo dos séculos a dizer que o Evangelho é sempre novo…

 

Seremos capazes de passar esta Boa Notícia àqueles que regressam ao convívio desta Assembleia, a Igreja?

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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