Uma Senhora vestida de Sol
É difícil escrever sobre Nossa Senhora. Sobre o que me faz acreditar nela sem ter razões específicas ou claras para o fazer. Não sei como se explica ou como se diz aquilo que trazemos aceso dentro do coração. Sei que acredito numa Senhora que se quer, ainda hoje, vestir de Sol e de Paz para lembrar a todos que não vale a pena ambicionar senão a simplicidade das coisas pequenas e insignificantes. Sei que acredito numa Senhora que não desiste daqueles que lhe prometem tudo e daqueles que nunca lhe prometeram nada. Sei que acredito numa Senhora que conhece as bolhas dos pés que caminharam até à sua Capelinha e que sabe de cor cada prece que arde dentro da voz de cada um. Sei que acredito numa Senhora de sorriso ténue, pouco visível e pouco aberto que é imaginado pelo Pai para se rasgar em forma de raio de Sol dentro do coração de cada um de nós.
É difícil escrever sobre Nossa Senhora. Sobre o silêncio que nos devolve quando lhe pedimos tudo. Sobre a falta que nos faz esse silêncio quando o mundo fala demasiado alto. É difícil perceber o tamanho do coração de Nossa Senhora. Sou capaz de o imaginar como uma árvore grande de onde partem e chegam pássaros brancos. Sempre. A toda a hora e momento. A árvore é Ela e os pássaros somos nós. Nem sempre lhe reconhecemos o abrigo e o colo. Distraímo-nos com o mundo e as nossas coisas. Nossa Senhora compreende sempre tudo. Espera por nós com os ramos da sua árvore sempre abertos.
São sempre bonitos os seus braços.
É sempre bonita a sua Luz.