Que esperança?
Vivemos dias de aflição à distância. Contemplamos com horror o que aconteceu em Valência e o nível de destruição sem precedentes a que o nosso país vizinho esteve (e ainda está) sujeito.
Quando este tipo de eventos acontece há sempre um certo grau de incredulidade que nos assalta e, ao mesmo tempo, como que um alívio por não termos sido nós. No entanto, desta vez, é demasiado perto e demasiado evidente para ser possível fingir que não aconteceu.
São cada vez mais estonteantes (e cada vez mais reais) as consequências das ações que a humanidade tem tido perante os que lhe são próximos e perante o planeta a que chamamos casa. Claro que quem paga o preço mais alto nunca são aqueles que tiveram a culpa maior. Mas já todos percebemos que o que afeta um ser humano acabará por afetar todos os outros.
É preciso olhar com compaixão para todos os que foram obrigados a assumir um rosto de sofrimento enquanto a banalidade das suas vidas foi interrompida abruptamente. E é profundamente emocionante ver quantos se têm juntado para ajudar numa missão de reconstrução a todos os níveis que levará mais tempo do que todos gostaríamos.
Nestes momentos de caos e de dificuldade ainda nos surpreende ver o quanto conseguimos colocar a nossa humanidade ao serviço do outro, o quanto é valioso o esforço comum em prol do bem de todos e o quanto ainda é possível sentir orgulho daquilo que somos como pessoas.
Que não nos falte a humildade de compreender esta dor que atravessou Valência e que não nos falte a coragem para ajudar naquilo que estiver ao nosso alcance. Caso não nos seja possível ajudar de forma presente que possamos colocar o nosso coração e a nossa oração na vida de cada um dos que, neste momento, sofrem ainda.