Ri-me, até as lágrimas me escorrerem pela face, ao ler o texto da padre Vítor Gonçalves do passado domingo sobre a Santíssima Trindade, «Três». Transcrevo a história de um padre de aldeia:

«Num domingo da Trindade, depois de uma partilha sobre as leituras, arrisca a comparar o “mistério” com “um “presunto”. E perante a assembleia interessada, seguiu: “Sim. O Pai é como se fosse o osso, o Filho como se fosse a carne (pois não é verdade que encarnou?); e o Espírito Santo como se fosse o toucinho!”. E a luz que brilhou nos olhos de todos consolou a alma do pregador até que, alguém mais inquieto perguntou: “Ó senhor prior, então e o courato?” E respondeu logo o visado: “Aí é que está o mistério!”» 

De facto, esta festa que celebramos pretende responder à pergunta: "Quem é Deus?" A dificuldade está nas Três Pessoas serem UM SÓ Deus.

Se lermos a Bíblia a explicação aparece de uma formula bastante simples: Os discípulos fazem a experiência de Jesus que fala com Deus e o trata por "Abbà", ou seja, "Pai". Depois da vida com os seus apóstolos, Jesus parte mas diz que o Espírito Santo descerá sobre eles e lhes dará a Sua glória e o amor do Pai. Portanto, a Trindade revelada por Jesus é simples: O Único Deus é Pai, é Filho e é Espírito.

Santo Agostinho que foi um teólogo da Trindade, diz que é o absoluto da relação: "Amante, Amado e Amor".  Deus é um Deus de amor. E o é de tal maneira que o Seu Filho se fez homem entre os homens. O amor que empurra Deus em direção aos homens, empurra-O a dar o Filho: «Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho, unigénito» diz o Evangelho. E este amor entre Pai e Filho é tão forte, que ele mesmo é pessoa, a "terceira pessoa", o Espírito de Amor.

No meu modesto perceber, o que nós temos de semelhante para que possamos compreender um pouco este mistério, é o amor humano entre homem e mulher. É aquele amor único que se "revela" num filho. Aquele amor que se torna palpável numa criança.

No Cristianismo, ao contrário das outras religiões que tratam Deus como o completamente transcendente, como o "outro" e têm dificuldade em perceber esta relação, Deus é um Deus Próximo e Relacional. Um Deus de relação, porque já vive essa relação consigo mesmo na Trindade, nestas Três Pessoas.

A relação é aquilo que me é dado a compreender no mistério da Trindade. Quando criamos relações com os outros, vivemos Deus! Quando criamos pontes com os outros, damos a conhecer Deus! E isto é ser Igreja!

Boa semana.