As Relações Humanas como Fonte de Vida

Crónicas 9 julho 2019  •  Tempo de Leitura: 3

Está para terminar mais um ano letivo. A grande maioria dos alunos já se encontram de férias e apenas aqueles que se  socorrerão da segunda chamada de exames, ainda estudam. Para professores é tempo de avaliação deste ano e preparação do próximo. Para mim, portanto, tem sido um tempo de autoavaliação ou, como aprendi na catequese, de exame de consciência do trabalho desenvolvido com estes jovens adolescentes.

 

Trabalhar com jovens não é fácil. Creio que nunca o foi! Hoje porém, existe uma característica terrível: "O tempo passa a voar"! Com os novos meios digitais, os jovens têm acesso a ferramentas que os professores ou educadores esperam apresentar como novidade. Quantas vezes apresento um texto, um tema, uma reportagem e… já viram, já conhecem, já têm uma opinião…

 

É necessário surpreendê-los. Eles já têm ideias preconcebidas sobre adultos e se a realidade entrar em conflito com essas, podemos surpreender. E a surpresa pode ser um recurso precioso para o aparecimento da relação educativa. A educação é antes de tudo uma relação entre pessoas humanas. Sem esta dimensão jamais existirá uma verdadeira educação. 

 

Uma ideia dos jovens de hoje é que os adultos falam mas não ouvem. Então a primeira coisa que temos que fazer é começar a ouvi-los! Sejamos honestos. Eles não sabem que nós adultos também temos dificuldade em ouvir-nos uns aos outros. Basta perceber que a causa de tanto disparate entre nós, seja na vida profissional ou familiar, sem deixar de parte a social, surgem por falta de audição.

 

Este ano letivo, reparei que quando estava disposto a ouvir, a relação entre os meus alunos e a minha pessoa melhorou surpreendentemente. Muitas das vezes nem fui capaz de resolver os seus problemas. Mais do que dar respostas limitei-me a ouvir e a fazer-lhes perguntas. Preocupei-me em perceber o seu mundo. Quando nos mostramos interessados neles e nas suas coisas de uma forma verdadeira e autêntica, acontece que eles ganham curiosidade em saber de mim e dos adultos. Ficam curiosos em saber como também nós passamos por problemas idênticos. 

 

O efeito surpresa conjuga-se bem com a dimensão narrativa. Se contamos uma história que nos envolva pessoalmente, capturamos a atenção deles. E não é isto que Deus faz na Bíblia?  Deus não manda do alto, mas encarnou e veio viver a realidade humana. Homem entre os homens. Veio conversar com o ser humano. Contou histórias. Contou a Sua história. A Bíblia está cheia de histórias, narrações e não de prescrições!

 

Neste momento de avaliação cheguei a esta conclusão: tenho que dar mais espaço e tempo à palavra dos meus jovens alunos. Nós adultos é que devemos inspirar confiança e não medo do relacionamento connosco e com os outros. 

 

As relações humanas são a principal fonte da alegria da vida.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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