«Eli, Eli, lamá sabachtháni?»
«Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?
E permaneceis longe das minhas súplicas e dos meus gemidos?
Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis;
imploro de noite e não me atendeis.»
Salmo 21, 2-3
Não me acredito que Jesus tenha experimentado o silêncio do Seu Pai, apenas na Cruz.
Acredito, ainda menos, que Jesus se tenha sentido desesperado quando proclamou o segundo versículo do Salmo 21.
Jesus foi apenas mais longe, conseguindo ultrapassar o maior de todos os silêncios deste Abba.
Foi mais longe, porque em toda a Sua entrega Ele deixou-se confiar. Caminhou, no mais surdo dos gritos de Seu Pai, porque tinha a certeza que não estava só.
Foi mais longe, porque todo aquele silêncio era revelação da relação que este Deus tinha com o Seu amado Filho.
O silêncio transmitia a conversa que este Pai mantinha com o Seu Filho.
Uma conversa de consolação, de ânimo e de compaixão.
O Seu Pai não O tinha abandonado. Ele estava apenas à espera...
À espera que o Seu filho pudesse revelar a maior de todas as histórias de amor.
Ele apenas ansiava que todos pudessem ir até à fonte da Vida.
Jesus sofria e Seu Pai sentia bem de perto as Suas chagas, a Sua respiração forçada e a Sua pele trespassada.
Jesus não desconfiou de Seu Pai. Jesus não pôs tudo em causa.
Jesus apenas revelou um pouco da Sua humanidade, que mesmo misturada com a Sua divindade não se diluiu por completo.
Mas o Seu espírito era mais forte que tudo o resto. A Sua visão era bem mais forte que todo aquele silêncio absurdo e incomodativo.
Jesus gritou, porque sabia que, mais tarde ou mais cedo, Seu Pai viria ampará-lo.
Jesus gritou, porque sabia que Seu Pai viria em Seu auxílio.
O silêncio deste Pai torna o dia em noite.
O silêncio deste Pai esconde o mais belo da Sua presença, mas quem caminha com Ele sairá como Jesus: com um novo sentido, com uma nova vida e com um novo amor!