O mundo é mais que o teu umbigo!
Não sei se teremos a consciência desta verdade: o mundo vai para além de nós e do que queremos dele. Normalmente, não nos apercebemos disso. Acreditamos que veremos o fundo do mar e as maravilhas do oceano se mergulharmos a partir do centro do nosso corpo. Não me parece que queiramos arriscar muito para além disso. Chega-nos o que somos. As nossas vontades. Os nossos quereres. Os nossos é assim que tem que ser. Somos os donos da verdade, da razão, de todas as ciências mais ou menos absolutas. Arrogantes sem querer, fazemos casulo a partir de nós próprios, sem deixar que os outros nos ofereçam dos seus fios, das suas luzes, das suas lutas.
O nosso umbigo é tudo. Deitamo-nos à sombra dele e somos felizes a fazer de conta. Não nos deixamos lesionar nem empatar pelo que não pertence ao círculo restrito onde só cabem os nossos pés e, com alguma sorte, as nossas mãos.
O nosso umbigo é tudo. Fugimos para dentro dele se tivermos que assumir um erro ou uma culpa que nos faça corar os princípios.
Queremos ser suficientes, mas não somos. Tornamo-nos fontes de inspiração secas sobre quem o mundo não vai ouvir falar. Interessa-nos o tamanho da casa e não quem está lá dentro. Interessa-nos o modelo do carro e não quem nos fará companhia na viagem. Queremos viver no avesso do que vale a pena e do que conta realmente. Felizmente, ainda vamos a tempo de nos colocar no lugar.
Do nosso umbigo não reza a história. E ainda bem.