Dia Santo do Fracasso
A comemoração dos dias de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos, visam colocar-nos no caminho verdadeiro. Ou seja, são oportunidade de desacelerarmos da rotina do quotidiano e pensarmos seriamente sobre a vida. Melhor. Sobre a minha vida, sobre a nossa vida concreta, pessoal, familiar e coletiva ou comunitária.
No mês passado li um texto sobre o “Fracasso”. Na Finlândia existe a “Jornada Nacional do Fracasso”. Realizou-se pela primeira vez a 13 de Outubro de 2010 e foi promovido por estudantes universitários. Estes tinham a consciência que a Finlândia precisaria de milhares de negócios e de empregos no futuro próximo. Porém, o receio de inadaptação, um medo natural, estava a impedir as pessoas de os criarem.
A necessidade de vencer na vida fez com que muitas pessoas cheias de talento obtivessem sucesso, mas e em contra partida, com que outras tantas se frustrassem por pensarem-se incapazes ou terem mesmo medo de tentar coisas novas. Os jovens universitários pretendiam assim dizer que o erro e o fracasso fazem parte de uma vida normal e saudável. Em 2011, ao convidarem muitos dos famosos a participarem nesta jornada, continuaram a querer fazer ver que errar faz parte do processo. Aderiram Jorma Ollila, administrador da Nokia; Peter Vesterbacka, criador do Angry Bird e o treinador da equipa de hóquei no gelo, Jukka Jalonen.
E assim, pensei eu perante os que já partiram: estes santos, estes defuntos, quantos projetos que não passaram do papel? Quantos sonhos não realizados? Quantos desejos insatisfeitos? Quantos fracassos? No entanto, na fé, sabemos que alcançaram o sucesso. Na fé, acreditamos que todos estão a partilhar da presença eterna da santidade de Deus. E porquê? Porque além do amor de Deus nunca faltar, foram capazes de não desistir. Foram audazes em recomeçar e continuar…
Falhar é um dos maiores medos do nosso tempo. Uma sociedade tão competitiva como a nossa dificilmente aceita a derrota. Se isto é verdade, também não é menos verdade que houve homens e mulheres que foram capazes transformar estes fracassos em ocasião de um novo recomeço.
A leitura da vida dos santos tem a seguinte beleza: ver que nunca desistiram porque sabiam que Deus também nunca desistiu deles. A memória dos nossos fiéis defuntos tem esta certeza: sempre depuseram a sua confiança neste Deus que todos acolhe por amor.
Fracassar não deve ser motivo de vergonha. Antes ocasião de aprendizagem. Uma arte que a sabedoria popular transmitia e transmite com o ditado popular "é errando que se aprende".
Não tenhamos medo de errar! Não tenhamos medo de sair da nossa zona de conforto! Aquele que nos justifica, sempre estará connosco.