Há uma espécie de aura misteriosa que envolve a promessa de um novo ano. É como se, de repente, se acendessem luzes de uma esperança que, até então, não existia.

Aceitamos deixar-nos deslumbrar por esses brilhos e quase passamos a ser capazes de nos tornar protagonistas de alguns milagres.

Acreditamos que a vida vai mudar para melhor. Somos, no último dia do ano, verdadeiros super-heróis e, ao mesmo tempo, gurus da calma e da positividade.

Acreditamos que vamos conseguir tornar real tudo o que estava adiado, esquecido, guardado ou, até, enterrado.

Seguramos as rédeas de tudo o que somos e avançamos sem medo do que virá porque, dentro do recanto mais profundo do nosso coração, acreditamos que só poderá ser bom. O que virá só poderá vir por bem.

A esperança que se acende e que acendemos é, de facto, bonita. Leve. Clara. Transparente. No entanto, e na maioria das vezes, desvanece-se quando os relógios anunciam a meia-noite. Adormecemos deslumbrados e acordamos como sempre estivemos. E é, justamente, essa consciência de que nada parece ter mudado que nos avassala e nos deixa, mais uma vez, órfãos de potenciais novidades e sonhos.

Claro que é bom acreditar que o novo ano nos vai trazer o que mais queremos e esperamos. Esse “acreditar” retira-nos a responsabilidade de ter que fazer alguma coisa.

Neste tempo de balanço e de desenho de novos planos, vale a pena lembrar que não é o ano que muda. Somos nós. E se fizermos exatamente o que sempre fizemos, teremos exatamente o que sempre tivemos.

No primeiro dia do ano, vale a pena acordar a única pessoa que pode fazer alguma coisa para te dar um ano melhor e maior: tu.