E as tuas expectativas? Também te levam para fora de pé?
O mais difícil não é lidar com o que a vida nos traz. O mais difícil, realmente, é lidar com o que imaginamos que a vida nos vai trazer.
Doem-nos as expectativas que temos. Mas também não nos é possível não as ter. o perigo destes cenários imaginados (e concretizados apenas dentro de nós) é o facto de não serem adequados ao que é provável que aconteça. Gostamos de interiorizar uma certa esperança carregada de ilusão. A parte da esperança não faz mal nenhum. O problema é a quantidade de fantasia ser tudo menos q.b.
Vivemos do que esperamos (e acreditamos) que vai acontecer. Guardamos a alegria ao lado das expectativas e, como estas últimas quase nunca correspondem ao que recebemos, acabamos por estar sempre meio tristes.
Não consigo acreditar nas pessoas que dizem que não esperam nada. Ou que colocam as expectativas muito baixas para, depois, não terem o peso da desilusão. Gostava, sobretudo, de saber como é que isso se faz. Como é que se diz cá para dentro: não esperes nada, que é melhor. E se esperares, esquece-te disso o quanto antes. Quer dizer, é possível ir repetindo essa espécie de lema como um mantra, mas… será mais do que uma repetição com pouco sentido?
Não sei como se faz. Não sei como se gere aquilo que se deseja e aquilo que é possível ter. Não sei como se equilibra aquilo que se quer com aquilo que nos faz, realmente, bem. Não sei como se pode esperar pouco de um mundo que nos pede tanto ao mesmo tempo.
Julgo que as expectativas também podem ser uma espécie de bálsamo, se as soubermos aceitar como nos aparecem. Ou seja: eu imagino e quero este cenário para mim e para a minha vida mas compreendo se ele não me aparecer diante dos olhos tal e qual como o imaginei. É como se o equilíbrio estivesse depois das expectativas. Isto é: eu posso esperar e imaginar o que eu quiser, desde que, depois, consiga lidar com o que acontece apesar de mim e do que é a minha vontade.
Confuso?
É natural. Ninguém disse que viver era fácil. Na dúvida, não te atires para fora de pé. Já que temos que nadar, que o façamos com alguma confiança na maré que nos calhou.