Eu não estou no lugar do outro!
É fácil dar opinião sobre todo e qualquer assunto. É fácil assumir que faríamos de determinada forma se nos acontecesse isto ou aquilo. Continua a ser fácil, também, julgar as atitudes alheias.
“Como é que esta pessoa é capaz de fazer isto? Eu não conseguiria ter uma atitude assim.”
Eu não o faria. Dizemos nós. Dizemos muito, mas fazemos pouco. Não saímos de nós para reparar nas circunstâncias do outro. Não abandonamos o nosso espaço e os nossos passos para nos colocar nos pés dos outros. Dissertamos sobre todos os assuntos e é aí que reside a nossa coragem: na teoria. A prática, essa, já se caracteriza por maiores, e mais veladas, cobardias.
Quantas vezes damos por nós a fazer exatamente o que criticámos numa outra pessoa? A não perdoar. A não ir. A não fazer. A não ser simpático. A não fazer o bem. A não ser generoso. A não respeitar. A não ceder.
São muitas as vezes em que não temos razão para nos orgulhar das nossas atitudes. Não haverá problema algum desde que saibamos reconhecer a nossa humanidade, ou a falta dela. Desde que possamos refletir sobre o que fizemos e, caso seja algo reprovável, a não voltar a fazer. O que não pode ser, e o que não está certo, é assumir que somos melhores seres humanos que os outros, simplesmente, porque cometemos erros diferentes.
Lamento muito, mas, em matéria de errar, podemos mesmo ser todos farinha do mesmo saco.
Por isso, antes de sentires orgulho pelo facto de não teres cometido o mesmo erro que o teu irmão, entristece-te com o erro que te afastou dele e do qual foste protagonista.
Antes de abrires a boca para falar dos outros, olha para ti.