Onde estás, Mãe?
Onde estás, Mãe, quando tantos precisam de ti?
Onde estás, Mãe, quando os que estão doentes parecem ser em maior número do que os que têm saúde?
Onde estás, Mãe, quando nos sentimos presos dentro da nossa própria casa?
Onde estás, Mãe, quando nos dizem que estão proibidos os abraços, os beijos, as mãos apertadas umas contra as outras, os dedos entrelaçados?
Onde estás, Mãe, quando todos os dias são de chuva?
Onde estás, Mãe, quando os pais choram por não poder ver os filhos, quando os filhos desanimam por não poder ver os pais?
Onde estás, Mãe, quando nos é pedido que sejamos mais fortes do que podemos e sabemos?
Onde estás, Mãe, quando não sabemos se tudo isto é um sonho?
Onde estás, Mãe, quando o tempo só passa no calendário e dentro do coração se apertam tantas e tantas saudades?
Onde estás, Mãe, quando olhamos para o Céu e não te vemos?
Onde estás, Mãe, quando nos inquietamos?
Onde estás, Mãe, quando te pedimos que tudo acabe depressa e que possamos voltar a ser livres?
Onde, Mãe?
Onde estás, Mãe, quando a morte se mistura com tudo e não nos deixa ver bem?
Onde estás, Mãe, quando te prometemos que vamos ser diferentes e melhores?
Onde estás, Mãe, nesta luta de braço de ferro com um braço que ninguém vê?
Onde, Mãe?
Não devíamos fazer-te estas perguntas, sendo hoje o teu dia. Bem sei. Mas precisamos tanto de respostas. Da Tua resposta. Da resposta certa. Achas que ainda falta muito para tudo isto ter um fim? Achas que pode ser tudo como era? Ouves-nos, Mãe?
Dentro do nosso coração: silêncio. Só o barulho de um coração que bate ao longe, mais depressa do que antes. Sempre atento. Sempre alerta. Sempre expectante.
E debaixo do manto das nossas preocupações, dores e angústias continuamos à espera que acendas dentro de nós uma luz bonita que seja capaz de nos responder:
Estou aqui.
[Imagem: Ângela Oliveira ASM ]