Vai

Crónicas 14 maio 2020  •  Tempo de Leitura: 2
É uma palavra que serve de apoio a uma criança que aprende pela primeira vez a andar, ou no primeiro mergulho ao mar, na primeira tentativa de andar de bicicleta, no primeiro amor, no primeiro emprego, e quantas outras experiências onde o receio interior era superado pelo encorajamento de alguém que nos dizia — ”Vai!”


Porém, quantas vezes não ficámos a meio do caminho, disfarçando a incapacidade de seguir em frente com opiniões pintadas das mais diversas cores que justificavam o nosso desistir.

A coragem inocente de quem começava algo esvai-se com a consciência de que nem sempre conseguimos chegar ao fim. Por vezes falhamos, e isso impede-nos de continuar em frente com as ideias mais ousadas e únicas. Sim, tu és uma pessoa única. Por isso, em ti está a génese de ideias únicas.
 
«O rio interminável de opiniões sem solução é inútil. Um verdadeiro líder é uma pessoa que se concentra em poucas ideias, mas leva-as até ao fim.» (Cardeal Van Thuan)
Quantos sonhos não ficaram para trás. Trabalhos inacabados, livros por escrever, visitas por fazer, pinturas por terminar. Quantas ideias ficaram a meio porque a azáfama cultural nos impelia a mover sempre para a próxima novidade, ideia, e quantas mais melhor. Alguma dessas ideias há-de concretizar-se, certo? Até que olhas de soslaio para o lado, e vez a folha em branco com a lapiseira em cima. Pacientemente, o bico de carvão aguarda pelo desenho que está no teu interior.

A tensão dos prazos é, frequentemente, o motor das finalizações. Mas a ansiedade que as antecede, e a sensação de vazio que lhes segue, é apenas o sofrimento por antecipação que te leva a duvidar, se o sim que disseste a uma ideia, a outra, e depois a outra, foi, ou não, sensato.

Vai. 
Mergulha.
Experimenta.
Arrisca.

Levar algo até ao fim, sem nos preocuparmos com o resultado final, é o primeiro passo para uma realização autêntica.

Por vezes paramos pela consciência de estarmos no limite da zona de conforto, ou desconforto, mas ninguém sabe se o resultado do caminho percorrido é o de uma grande ideia, ou não. Apenas vê o próximo passo a dar. E se esse te pedir um pouco mais daquilo que achas que podes dar, fica tranquilo, e vai.

Aprende quando ensina na Universidade de Coimbra. Procurou aprender a saber aprender qualquer coisa quando fez o Doutoramento em Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico. É membro do Movimento dos Focolares. Pai de 3 filhos, e curioso pelo cruzamento entre fé, ciência, tecnologia e sociedade. O último livro publicado é Tempo 3.0 - Uma visão revolucionária da experiência mais transformativa do mundo e em filosofia, co-editou Ética Relacional: um caminho de sabedoria da Editora da Universidade Católica.
 
 
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