Peregrinos pelo coração
O recinto estava vazio, mas totalmente preenchido em espírito. A névoa que cobria todo o seu espaço dava prova dos caminhos realizados pelos peregrinos de coração. Os trilhos agora percorridos, dentro de cada um, eram formados e terminados na casa que sempre acolhe.
Nunca, em tempo algum, terá feito tanto sentido representar aquele lugar como o Altar do Mundo. Tão despido, mas ao mesmo tempo todo coberto. De silêncio. De oração. De verdadeira comunhão. As circunstâncias levaram-nos a um afastamento, mas fizeram-nos mais próximos. Despertou-se em nós um outro encanto. Tinha sido divulgada a maior de todas as certezas: a de que a oração acontece, vive e permanece sempre no coração.
Jamais imaginaríamos ser possível estar mais intimamente ligados do que quando nos juntamos em presença física. No entanto, nestes novos tempos, entregamos as nossas preces mais puras e genuínas. Afinal não nos deslocávamos em presença física cumprindo um ou outro preceito, ou até mesmo uma promessa. Tornamos, isso sim, toda a nossa vivência numa eterna promessa.
Sem sairmos, conseguimos chegar mais perto do que nunca. Saboreando o e(terno) abraço da Mãe. É esse o formato de todo aquele local. E é assim que se vive a fé na Senhora cheia de Luz, morando no Seu abraço. Experimentando totalmente o Seu colo e renovando, deste jeito, a fé que tantas vezes parece não passar mais do que uma grande loucura.
Resta-nos agora a esperança de que um dia voltaremos. E voltaremos, sim. Colocando todo o nosso ser na oração, e deixando que o nosso coração nos fale de como viver em verdadeira peregrinação.