Não, não tenhais medo!

Crónicas 19 maio 2020  •  Tempo de Leitura: 3

É impossível deixar esta data passar sem relembrar a marca do Papa Wojtyla. Ontem comemoramos o centésimo aniversário do seu nascimento: O Papa da Coragem!

 

Recordo perfeitamente o seu discurso aquando da sua eleição:

 

«Irmãos e Irmãs: não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder! E ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir a Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira! Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarai as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas económicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem “o que é que está dentro do homem”. Somente Ele o sabe!»

 

Sempre que pensamos neste Papa ocorrem-nos várias palavras que o procuram definir: O Grande; o Santo (basta lembrar o povo reunido na Praça de São Pedro no dia do seu funeral a gritar: "Santo subito!"); o Papa do Leste (que derrubou o Muro, o terrível Muro da Guerra Fria); etc.. No entanto, para mim e para muita outra gente, é o Papa da Coragem!

 

Coragem ao anunciar ao mundo que o primeiro dever do seu ministério é o de anunciar Cristo: «Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarai as portas a Cristo!».

 

Coragem em percorrer o mundo dizendo que a Igreja é Missionária e que era necessário uma Nova Evangelização! Foram 104 viagens internacionais com 129 países visitados.

 

Coragem ao confiar nos jovens e ao convocá-los através das Jornadas Mundiais da Juventude! Para Wojtyla eles são a Primavera, "as sentinelas da aurora do novo milénio". E os jovens corresponderam aparecendo aos milhares nessas Jornadas.

 

Coragem ao convidar os representantes de todas as religiões do mundo para um momento de oração pela paz em Assis. Realizaram-se em 1986, 1993 e 2002.

 

Coragem ao reafirmar a importância e o valor da família na construção da nova humanidade. Em 1981 instituiu o Conselho Pontifício da Família.

 

Coragem ao afirmar que o egoísmo e o hedonismo são os grandes inimigos da sociedade em geral e da família em particular. Wojtyla denunciou tudo o que era a "ditadura dos muros" da época. Não apenas a ideologia comunista, mas também esta que ainda hoje dilacera o ocidente e que é a ideologia do consumo.

 

Coragem perante o sofrimento e a doença. Além de ter sido baleado em 1981 em plena Praça de São Pedro, não podemos esquecer o "calvário" vivido por este santo na parte final da sua vida.

 

Não foi um Papa perfeito, porque esse atributo é só de Deus, mas Coragem, mesmo nos assuntos e questões em que não reunia o consenso entre todos os seus seguidores, nunca lhe faltou.

Licenciado em Teologia. Professor de EMRC. Adora fazer Voluntariado.

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