Não percas tempo!
Uma das coisas que o período de confinamento nos ensinou foi que o tempo está em vias de extinção.
O tempo que temos como nosso, na realidade, não nos pertence realmente. No entanto, mantemos esta ilusão quase infantil de que teremos, sempre, muitos dias para viver. Muitos momentos para somar à nossa história. Muitas oportunidades para dizer o que pensamos e o que sentimos.
Contudo, a vida deu-nos a volta nos últimos meses. Envolveu-nos numa espécie de tornado invisível e não vemos a hora de ser cuspidos novamente. Envolveu-nos num remoinho tenebroso e obrigou-nos a ser reféns de nós próprios, dos nossos pensamentos, das decisões que queríamos evitar, do que não tínhamos tempo para ver.
Os dias vão passando e somos levados a compreender que não temos tempo algum. Não nos são dadas certezas. Tudo rima com a incerteza e com o inesperado.
Antes da tempestade da pandemia ter assolado as nossas vidas, vivíamos como se não fôssemos morrer. Vivíamos como se tudo nos pertencesse. Íamos na crista de todas as ondas e ai de quem ousasse dizer-nos que era preciso abrandar, acalmar, sossegar, meditar, apaziguar o coração.
A vida está a ensinar-nos tudo o que precisamos de saber:
Não podemos perder tempo.
E, assumindo que não teremos a vida toda para fazer tudo o que nos ferve dentro do peito, é altura de pensar:
Quero ter tempo para quê?
Quero ter tempo para quem? Para quantos?
Como vou tornar os meus dias inesquecíveis?
De que forma quero viver a partir daqui?
Vê se não corres atrás do vento.
Vê se não te agarras às coisas que hão de voar deste mundo.
Vê se fazes cada segundo valer a pena.
Não percas tempo. O dia é hoje.