E eis que chega a última semana de julho e para muitos é sinónimo de férias e descanso. Este ano, mais do que nunca, somos convidados a "ir para fora cá dentro!". Pois bem, façamos isso! 

Mas que essa viagem não seja apenas geográfica. Há que aproveitar este "ambiente" de pandemia para olharmos para o mais importante: a nossa vida interior; a nossa interioridade. Perdemos muito tempo preocupados com os que os outros vêm de valor em nós; dispensamos demasiada energia em nos apresentarmos sedutores ao outro; esvaziamo-nos do que somos para sermos o que o outro quer de nós…

Disponibilizarmo-nos para viver com o outro é um bem, mas reduzir o nosso ser a um mero produto para vender é um gravíssimo erro que mais tarde ou mais cedo pagaremos. Se há alguma coisa que devemos dar aos demais é a nossa interioridade. Aquilo que nos faz ser como somos. O problema é que muitas vezes, já nada temos de interior ou nem sabemos bem o que somos como pessoas.

Aproveitemos estas férias de verão para viajar até esse interior tantas vezes esquecido. Não é nada fácil… 

Curiosamente nós, os portugueses, temos um país que nos pode ajudar nesta empresa. O que dizemos do nosso interior geográfico? Lindo, muito rico em património cultural e gastronómico, boa gente… No entanto, está ao abandono…

Pois, muitas vezes o nosso interior, a nossa dimensão espiritual, está em igual estado. É muito linda, rica, mas ao abandono.

Perdemos demasiado tempo a ir para os centros de decisão mas ficamos quase sempre pelas suas periferias. Também na nossa felicidade e realização pessoais, ficamos pelas periferias. Num misto, em que nunca queremos voltar para o interior que é visto como sinal de fracasso, também não entramos nesse centro de decisão pessoal e intransmissível, porque seduzidos por uma felicidade que está fora de nós e é a dos outros…

Sim, como dizia o jovem Carlo Acutis: «Todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias»

Boa viagem! Boas férias!