Quando puderes, respira fundo!
Tenho pena que não tenhamos mudado nada. Ou melhor, tenho pena de me aperceber que não queremos, realmente, alterar o que se passa à nossa volta ou dentro de nós.
Na verdade, julgo que apreciamos (mesmo) o conforto de ser sempre da mesma maneira.
De não sair dos trilhos.
De não arriscar um mergulho mais acima da nossa distância de segurança.
De não ir para fora de pé.
De não escolher o que está fora da nossa mão.
De não remar contra a corrente.
Tenho pena que sejamos sempre tão previsíveis. Que usemos as dores, a morte e as tragédias para dar oxigénio às nossas causas. Que não saibamos chorar o que está mal e que consigamos sempre transformar um assunto sensível numa bandeira de raiva ou de ódio.
Tenho pena do que somos. Do que escolhemos. Do que não queremos ver. Do que ignoramos. Da nossa arrogância. Do nosso nariz empinado. Das nossas faltas de empatia. De usarmos argumentos não válidos para justificar o que não queremos (nem sabemos) fazer.
Tenho pena daquilo em que estamos a transformar-nos.
Tenho pena da ausência que somos uns para os outros.
Tenho pena pelo facto de nos termos tornado pessoas que não têm pena de nada.
O tempo não é de sossego. Não é de paz. O mundo não está apaziguado. E as feridas de todos parecem mais abertas do que nunca.
Ainda assim, valerá a pena escolher um ou outro momento do nosso dia para fechar os olhos e para respirar fundo.
Há coisas que ganham sentido quando respiramos fundo.
O tempo (ainda) não é de sossego.
(Ainda) não é de paz.
O mundo (ainda) não está apaziguado.
Já pensaste o que vais fazer para mudar isso?
Respira fundo.
Levanta-te.
E voa.