Já te viste ao espelho?!
Temos dificuldade em aceitar muitos dos comportamentos das pessoas que nos rodeiam e com quem convivemos.
Arrisco-me a dizer que todos dedicamos algum do nosso (pouco) tempo livre para exercitar o poder da crítica.
As pessoas não usam máscara e, quando a usam, deitam-na para o chão.
As pessoas não respeitam regras de cidadania e de convivência básicas. Nem no trânsito. Nem na rua. Nem no supermercado. Nem nas filas para este ou aquele balcão. Nem no ginásio. Nem quando andam a pé. Nem quando respiram.
As pessoas “no geral” tornaram-se o nosso alvo preferido porque, na verdade, não nos incluímos nesse grupo nem nessa generalização. As pessoas são as pessoas e eu…Bem… Eu sou aquela a quem ninguém pode apontar um dedo. A exemplar. A extraordinária. A que não comete erros. A que não põe o pé em falso. A que cede o seu lugar ao outro com alegria e sem reclamar.
Não. Eu não sou essa pessoa. E tu também não és.
As pessoas tornaram-se num conceito-saco onde colocamos tudo aquilo que desejávamos não ver nos outros. No entanto, e quanto mais generalizamos, mais nos afastamos da realidade que os outros são e da realidade que também somos.
As pessoas também somos nós. Também sou eu e também és tu.
Claro que poderemos ser pessoas que não cometem os mesmos erros que apontam, mas… cometemos outros. Uns iguais, uns mais insignificantes, outros a roçar o grave.
Quando estivermos empenhados nesse exercício fácil (da crítica) que nos leva apenas a um beco sem saída, talvez possamos obrigar-nos a parar e a usar o esforço dessa “prática” para refletir sobre o que (ainda) precisamos de fazer para nos tornar-nos melhores. Mais conscientes das nossas próprias atitudes.
As pessoas não respeitam regras e eu, às vezes, também não.
As pessoas nem sempre estão de boa cara e nem sempre têm paciência para lidar com o que se passa e eu, às vezes, também não.
As pessoas dizem uma coisa e fazem outra e eu, às vezes, também.
Pois é. Tudo muda quando nos vemos ao espelho, certo?