A tua vida é uma lufada de ar fresco ou um castigo?

Crónicas 7 outubro 2020  •  Tempo de Leitura: 3

A vida nem sempre (nos) corre bem. Há momentos absurdamente difíceis. Exigentes. Acontecimentos que nos rasgam todas as forças e nos golpeiam até já não sentirmos a pele. Os ossos. O coração a bater do lado de dentro.

 

Para nos compensar, a vida também nos dá momentos totalmente opostos aos que descrevi acima. Somos abalroados com a alegria e a felicidade dos acontecimentos bons, maravilhosos, cheios de tudo o que há de melhor. Nesses, somos quase capazes de nos esquecer do que foi mau. Do que doeu. Do que quase não fomos capazes de ultrapassar.

 

Nos momentos bons, somos capazes de tudo. Temos capa de super-herói e voamos mesmo sem ter capacidades físicas para isso. Somos tudo. Temos o mundo nas mãos e sentimos que não é a vida que nos leva, mas, sim, que somos nós que a levamos atrás de nós.

 

O problema é, no fundo, quando não estamos entre nenhum destes dois extremos. Quando não sabemos bem onde estamos. Quando a vida não tem nada de mau, mas, ao mesmo tempo, parece não ter bom suficiente para nos satisfazer ou preencher.

 

Como é que queremos viver quando não estamos nem no topo do mundo nem no mais fundo dos poços? Como é que queremos ser quando a vida é morna e quando parece que não se passa nada?

 

Temos duas hipóteses: escolher viver como se estivéssemos a ser castigados a todo o momento. Como se a vida nos devesse tudo. Como se só estivéssemos de mãos estendidas à espera de receber. Como se nada bastasse para subir o próximo degrau. Como se não valesse a pena insistir, dedicar esforço ou lutar com mais afinco.

 

Ou, por outro lado, escolher viver como se a vida fosse uma lufada de ar fresco constante. Como se ainda nos pudéssemos surpreender. Como se fosse nosso dever continuar a dar tudo ainda que a recompensa teime em não chegar.

 

Não podemos viver à espera de ser recompensados uma vez que a própria vida é, já, a maior de todas as recompensas. O maior de todos os prémios.

 

Claro que nem sempre conseguiremos ver os cenários com esta clareza. Não há preto e branco. Há cinzento. Há amarelo. Há vermelho. Há azul. Há tudo o que quisermos considerar como cor.

 

Agora, é contigo. Vais sempre a tempo de decidir se queres que os teus dias sejam como um castigo ou como uma lufada de ar fresco (daquelas que se sentem na cara, ao final do dia, depois de se tirar a máscara).

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Marta Arrais

Cronista

Nasceu em 1986. Possui mestrado em ensino de Inglês e Espanhol (FCSH-UNL). É professora. Faz diversas atividades de cariz voluntário com as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus e com os Irmãos de S. João de Deus (em Portugal, Espanha e, mais recentemente, em Moçambique)

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