O tempo está a contar!
Não sabemos quanto tempo temos, ainda. Não sabemos quanto tempo nos sobra para olharmos nos olhos todos aqueles que nos fazem sorrir quando acordamos.
Não sabemos se nos restam dois dias. Duas horas. Dois ou três minutos. Duas décadas. Ou meio século. Sei que nos magoa um pouco esta consciência de sermos finitos. De estarmos para terminar. De estarmos a caminho de deixar de estar aqui. O que talvez nos doa ainda mais é saber que essa finitude também se aplica aos outros. Aos nossos. Aos nossos filhos. Aos nossos irmãos. Aos nossos maridos. Namorados. Mulheres. Namoradas. Companheiros de uma vida. Amigos. Avós. Pai. Mãe. São tantos os que nos desfilam no coração. São tantos os que não queremos perder.
Mas, às vezes, parece que não pensamos. Parece que queremos ignorar o facto (tão certo) de que não vamos estar sempre aqui. Não vamos estar sempre juntos. Não vamos poder agarrar-nos ao pescoço das nossas pessoas-leme.
De que valerá a pena pensar nisto se me causa angústia? Se me faz abanar a cabeça e chocalhar os pensamentos para que desapareçam e não me façam pensar no que não quero?
Claro que não vale a pena ofuscar o brilho de todos os dias com estas escuridões. Claro que não podemos massacrar a nossa cabeça e o nosso coração com estas preocupações gigantescas. Contudo, pensar na brevidade da vida de todos nós e na imprevisibilidade do que nos pode (ou não) acontecer, faz-nos acordar. Faz-nos compreender a pressa que o tempo tem. A pressa que a vida pode ter. Faz-nos querer agarrar a vida com unhas e dentes. Faz-nos querer inventar os abraços que não se podem dar e os beijos a que todos desviam a cara. Faz-nos querer ser melhores para os que nos são tudo. Faz-nos querer perdoar a pedra que alguém nos atirou. Faz-nos querer esquecer o que não foi bom. O que foi terrível. Faz-nos entender que só somos tudo enquanto pudermos ser.
O tempo está a contar. O que vais fazer com o teu?