«É preciso salvar o Natal!»
Eis que o Natal se aproxima a passos largos. «É preciso salvar o Natal» foi um slogan que se fez ouvir imenso nos dias que antecederam as renovações do "Estado de Emergência". Mas a que Natal se referia? Que Natal precisamos de salvar no próximo fim de semana?
Para mim que sou cristão, o Natal é o nascimento de Jesus Cristo, o nascimento do Salvador. Devemos então salvar o Salvador ou Aquele no qual somos salvos? Ou a nossa preocupação está no natal mais mundano? Aquela natal das compras, das prendas, das jantaradas de empresas, grupos de amigos ou familiares porque, sim…
"Nascimento de Jesus Cristo, ou patuscada de comes e bebes, consumismo desenfreado, a invariável Leopoldina e o irritante “amigo secreto”?
À medida que as sociedades se descristianizam e a dimensão do transcendente se vai dissolvendo… a ética laica infiltra-se sorrateiramente com a sua adocicada e irresistível variedade de poções mágicas e vai-nos obrigando a aspirar o inevitável e imperceptível perfume do esquecimento." Pedro Saraiva
Parece-me que estamos no caminho errado. O Natal, pelo menos o Natal cristão, não precisa de ninguém para salvá-lo. Se no dia 25 de dezembro houver alguém que, reunido em nome de Jesus, celebrar a Eucaristia, será a celebração do Natal. Não é necessário mais nada.
Este ano será um Natal diferente. Serão dias diferentes. Será uma Quadra diferente. Sabemos… Num momento em que o mundo passa por este período conturbado, temos todos que dar as mãos. Temos que nos proteger. Temos que nos salvar e salvar os outros. Porém, estes dias diferentes, podem ser uma oportunidade para experimentar a celebração do Natal como deve ser. Com menos gente. Com menos tarefas. Com menos distrações do essencial.
No Natal, Deus mostra-se como o Pai que dá o Filho ao mundo. No Filho, somos filhos e entre nós, somos irmãos. Nos últimos anos não temos tido grande oportunidade para viver o natal assim, como irmãos preocupados uns com os outros. Nada de jantares e almoços com muitas pessoas, mas poderemos desfrutar de nossas famílias, fazendo uma pausa do frenesi que caracteriza nossos dias.
Não podemos dar-nos ao luxo de aumentar os contágios, aumentar as mortes. É necessário um ato comunitário de corresponsabilidade, para o bem de todos. Natal também é isso!
Apesar de tudo, podemos ter um Feliz Natal, lindo e verdadeiro, preocupados com todos os filhos de Deus, nossos irmãos, porque irmanados neste Deus incarnado.
Um Santo e Feliz Natal 2020.