Quem fala do que não sabe, pode ouvir o que não quer!
Temos ouvido muitos especialistas, muitos médicos, muitos epidemiologistas, muitos políticos, muitos jornalistas, muitos moderadores, muitos enfermeiros, muitos professores, muitos pais e muitas mães, muitos alunos, muitos cuidadores, muitas pessoas. Todos se sentem no direito de dar a sua opinião. De comentar. De desdizer. De contrariar. De concordar. De rebater. De ironizar. De intimidar. De apoiar. De sentir compaixão. De gerir a informação.
Todos temos, realmente, o direito de falar sobre o que se vai passando connosco e, na verdade, todos estamos profundamente implicados no contexto catastrófico dos dias que experimentamos.
Aquilo que me parece pouco adequado, e pouco pertinente também, é ver pessoas de áreas que não são a sua a emitir juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Que não conhecem e sobre os quais não sabem absolutamente nada.
No meio do mar de informações contrárias, de comentários e de discursos com mais ou menos sentido, há que selecionar a água limpa do meio do lodo. Há que descobrir a folha fresca no meio das folhas velhas. Há que retirar a frase importante do meio da “palha” do que se diz.
Se não sabemos de ciência, procuremos saber antes de falar. Se não sabemos de medicina, de enfermagem, de cuidados em fim de vida, de apoio aos doentes, procuremos ficar em silêncio sobre essas matérias e limitar-nos a ouvir (e a ler) quem sabe. Não é preciso ouvir nem ler todos os que sabem. Escolher uma “fonte” fidedigna e revisitá-la é, talvez, a melhor maneira de gerir o exagero de dados com que somos confrontados todos os dias.
E outra coisa… quando ouvirmos falar alguém que SABE do assunto, optemos por não interromper, por não falar antes de tempo. Por não fazer perguntas idiotas. Por optar por atitudes de água fresca em vez de atitudes de atirar madeira em brasa.
Isto é difícil (para dizer o mínimo) para todos.
Vê se ouves mais e falas menos.