Dia-D
O que representa o “D” em “Dia-D”? Todos somos tentados a pensar em algo de especial, mas ao fazer uma pesquisa percebi que o “D” quer dizer, simplesmente, “Dia.” “D”esapontado? Mas se me dizem que o Natal pode ser quando o homem quiser — e eu Discordo — já o mesmo não consigo Dizer em relação ao Dia-D. Pois, por não ter qualquer significado em especial, liberta a nossa imaginação para colocarmos naquela simples letra o significado que quisermos.
Estes tempos de pandemia podem ser Desesperantes, Destruidores de sonhos, e só nos apetece Distrair e Desaparecer, voltando somente quando tudo tiver voltado ao normal. Mas, o Desejo profundo de cada pessoa é o de encontrar um sentido e significado para tudo o que estamos a viver. Senão fica Difícil aguentar ver as pessoas continuarem a morrer pelo Descuido de alguns, gerando um cenário social Desolador. Porém, estou certo de que o esforço de todos será a experiência de vida que nos educará mais do que Deseduca.
Quando pensamos que Desconhecemos o momento em que Deixaremos este mundo, cada Dia torna-se especial. Por isso, a palavra que aquela primeira letra D abre pode inspirar-nos a acolher as realidades novas, e Descobrir em algumas dessas o vislumbre de esperança da possibilidade de um mundo novo e melhor que o anterior à pandemia. Mas, talvez, o Dia-D não seja tanto um dia por si mesmo, mas um percurso feito de:
Dias-De-Dúvidas como aqueles pautados pela perplexidade de ver um minúsculo vírus alterar toda a civilização humana, obrigando-nos a redimensionar os ritmos e os valores. Mas a Dúvida só nos leva à Descrença e ao Desespero quando não a usamos para reflectir e compreender melhor a realidade vivida. A Dúvida é o que coloca o nosso espírito em duas mentes que expressam mundos paradoxais entre o certo e o incerto, o confiante e o inseguro. Duvidar não é mau se for o impulso para saber estar nas zonas de desconforto, saindo dessas transformado e mais maduro.
Dias-Direcção como naqueles em que a pausa da Dúvida chega ao fim, iniciando-se o tempo de abrir os olhos e caminhar na Direcção daquilo que é preciso fazer, por muito que isso nos custe. Sem Direcção, a vida anda à Deriva. Sem Direcção perdemos o Domínio sobre a bicicleta e a queda torna-se eminente. Mas importa estar ciente de que Direcção não é Ditadura, mas, simplesmente, fixar o olhar num ponto, sem perder o rasto do horizonte de liberdade de mudar de Direcção se necessário.
Dias-De-Dar como os que geram as mudanças culturais perenes na nossa história. E há tanto que podemos Dar, sem nada ter a ver com as coisas meramente materiais. Dar um sorriso, uma palavra de consolo, segurança, um gesto de respeito, ou de compreensão. Dar espaço. Dar tempo. Dar um olhar sorridente que leve o outro a imaginá-lo nos nossos lábios. Dar atenção.
Dia-De-Despertar como expressão do efeito que terá a Covid-19 sobre a humanidade. A Dormência do efémero estava a colocar-nos uma espiral recessiva da gratificação instantânea, do anonimato digital, das personalidades editáveis, da sobreposição da imagem à palavra, e da manipulação comportamental pelo perfume subtil do consumo da nossa atenção. Agora é a nossa oportunidade de Despertar para a Vida Profunda (Deep Life), para estarmos mais OnLife que OnLine, e tomarmos consciência de que à noite sucede-se um Dia novo, pleno de novas possibilidades de recomeçar.
O Dia-D que ficou conhecido pelo virar que representou na história da Segunda Guerra Mundial não está isento do sofrimento que muitos viveram para saldar o preço de um mundo mais livre. Depois desse dia, iniciou-se o tempo da Grande Aceleração que Desembocou na crise climática que actualmente vivemos. Parece que o Dia-D acende uma luz, mas, simultaneamente, crescem, também, sombras inesperadas. Mas há um sinal matemático que exprime bem o contraste do Dia-D: ±
Neste sinal podemos ver como o negativo da vida pode servir para sublinhar o positivo. É um convite a mudar de perspectiva. Pois, se todo o universo se movesse na Direcção da Desordem total, que sentido teria a alegria que nasce Dentro de nós ao contemplarmos o amor nos gestos mais pequenos? A beleza do mundo não está na ordem total, e, seguramente, no caos, mas na harmonia do contraste entre o que faz sentido e o que deixa de fazer. Quem sabe se a finalidade do Dia-D não seja a de fazer de cada Dia, um Dia-De-Deus.
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