Esta é talvez uma das perguntas mais difíceis que já nos fizemos. Normalmente, fazemo-la quando nos sentimos a atravessar um deserto tremendo, a viver um grande sofrimento, uma doença, uma partida de alguém amado, uma situação de desespero escuro.

Quando estamos bem, felizes, a viver o melhor que os dias e o mundo têm para nos dar não nos voltamos para Deus. Assumimos que merecemos o bom que estamos a viver e nem pensamos em agradecer ou em atribuir determinadas alegrias ao Céu. É como se as alegrias nos fossem justamente dadas, mas as tristezas não nos pudessem pertencer com a mesma “justiça”.

O que significa, então, esta nossa pergunta desesperada e aflita:

“Onde estás, Deus?”

Quando atiramos para o Céu esta questão, queremos que Deus nos responda humanamente. Queremos respostas para entender a dificuldade e a pobreza. Queremos que Deus ouse descer ao nosso coração e nos console profundamente. Queremos que nos aperte num abraço e que nos diga que tudo ficará bem. Que tudo está a ser preparado, com carinho e cuidado, para nós.

“Onde estás, Deus?”

Quando perguntamos onde está Deus é porque temos a sensação de não o conseguir ver ou encontrar. Assim, e associadas a esta pergunta tão dura e quase injusta, surgem outras questões que não conseguimos divorciar desta:

Onde estás, Deus, quando eu preciso de ajuda?

Onde estás, Deus, quando eu enfrento a morte?

Onde estás, Deus, quando a doença me desarma e enfraquece?

Onde estás, Deus, quando as guerras sem sentido ceifam as mesmas vidas inocentes?

Onde estás, Deus, quando eu não consigo encontrar um rumo claro e simples para a minha vida?

Onde estás, Deus, quando não sei o que queres para mim?

Deus responde-nos sempre. Não no tempo que queremos. Não da forma esperada. Enquanto aguardamos por esta resposta, talvez compense fazer uma pergunta diferente. Das que mudam tudo. Em vez de perguntares onde é que Deus está pergunta-lhe antes:

Onde é que não estás, Deus?