Que perguntas ficam por fazer?
Enquanto a vida nos acontece, acontecemos também. Desfilamos entre os vários momentos e fintamos obstáculos, evitamos quedas, protegemo-nos das tempestades que podem surgir.
À medida que desfiamos as penas dos nossos dias, nascem em nós toda a espécie de perguntas, de dúvidas, de questões que parecem atrever-se a derrubar-nos. Muitas vezes, sopramo-las para longe. Não nos apetece que o coração se confunda ou que saia da zona de conforto. Outras vezes, as perguntas entorpecem-nos. Adquirem sobre nós um poder que não lhes demos nem queríamos dar.
Se estou farto da forma como vivo a minha vida, porque não mudo?
Como é que mudo tudo sem correr riscos desnecessários?
Como é que aprendo a aceitar alguém que não gosto e com quem não me identifico?
Como consigo ensinar-me a perdoar?
O que faço com as palavras espada que aquela pessoa me dirige?
Como é que reaprendo a viver depois do Covid me ter levado tudo?
O que faço com esta alegria? A quem devo dá-la?
O que faço com este desânimo? Como sei que veio para ficar ou que é, apenas, passageiro?
Como lido com a minha fragilidade e com aquilo que detesto em mim?
Provavelmente não vamos encontrar respostas que nos satisfaçam. Outras vezes as respostas não nos chegarão em tempo útil. Ou servirão, somente, para potenciar mais interrogações.
Talvez nos chegue algum consolo se interiorizarmos que as perguntas nunca desaparecem. Mas, ainda assim, e de alguma forma, poderemos transformá-las em perguntas mais inteligentes, menos atribuladas e que nos ajudem a crescer nos meandros de dentro.