Rezar a Vida: Amo-te

Crónicas 7 agosto 2021  •  Tempo de Leitura: 3

Amo-te porque na minha humanidade quiseste habitar. 

Amo-te porque no Batismo da tua morte e ressurreição me tornaste filha do mesmo Pai.

Amo-te porque me deste a Igreja para que em comunidade a minha fé possa crescer. 

Amo-te porque na Eucaristia te fazes presente para que do pão da vida possa comungar.

Amo-te porque sobre mim sopraste o teu espírito para que entusiasmada te possa servir. 

Amo-te porque me perdoaste ainda antes de eu pecar. 

 

Amo-te porque quiseste ser o meu Pastor. 

Amo-te porque quando estava perdida deixaste tudo para ir ao meu encontro. 

Amo-te porque foi tão grande a tua alegria por me veres como a minha por ser encontrada por ti.  

Amo-te porque alivias o meu fardo sempre que se torna pesado demais para suportar. 

Amo-te porque és a mão que se estende sempre que caio no chão. 

Amo-te porque és o colo que me carrega quando já não consigo andar. 

 

Amo-te porque na tua barca me deixas encostar a cabeça na tua almofada e descansar. 

Amo-te porque és o porto seguro que deixa sempre a embarcação da minha vida atracar. 

Amo-te porque experimentaste as bonanças e borrascas do mar do meu viver.

Amo-te porque acalmas as tempestades dos meus medos que me querem naufragar. 

Amo-te porque és o farol que ilumina com doçura o meu navegar.

 

Amo-te porque me conduzes aos desertos da alma para me falares ao coração. 

Amo-te porque o fazes transbordar de gratidão pelas maravilhas que vais fazendo em mim. 

Amo-te porque me ofereces refúgio no teu sagrado coração.

Amo-te porque tu, Palavra feita carne, deixaste as respostas a tudo o que te viria a perguntar.  

Amo-te porque com ela me recrias e renovas, me provocas e interpelas, desinstalando-me do conforto das minhas seguranças, certezas e ilusões. 

 

Amo-te porque és o Deus das surpresas, do inesperado e do improvável. 

Amo-te porque me desconcertas com o teu sentido de humor.

Amo-te porque és fiel mesmo na minha infidelidade.  

Amo-te porque danças ao som das minhas contradições.

 

Amo-te porque na cruz deste sentido ao meu sofrimento.

Amo-te porque catárticas são as lágrimas que me dás a chorar. 

Amo-te porque te serves da minha miséria para te glorificar. 

Amo-te porque me amaste com um amor eterno muito antes de eu existir.

 

Amo-te porque na cruz do escândalo deste a vida por mim. 

Amo-te porque me amas na nudez da minha verdade.

Amo-te porque prometeste que estarias comigo até ao fim.

 

Amo-te porque nunca ninguém me amou assim.

Amo-te porque me amaste primeiro. 

Amo-te simplesmente porque sim. 

Raquel Dias

Cronista Rezar a vida

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e apaixonada pela escrita. Voluntária na paróquia de São Julião da Barra. Ovelha perdida que reencontrou o caminho. Hoje, de coração cheio e grato, procura transmitir a alegria do Evangelho a todos os que cruzam o seu caminho. \"Porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?\" (cf. 8. Evangelii Gaudium)

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