Quem tudo quer, tudo perde?
Quem quer escolher tudo, fazer tudo, abrir as portas a tudo pode arriscar-se a não fazer nada. Ou a não conseguir fazer tanto como poderia.
Vivemos tempos muito estranhos, vamos dizendo. Mas parece-me que fomos nós que nos permitimos chegar até aqui. Somos nós que não sabemos dizer que não. Somos nós que acenamos com a cabeça a mais um pedido, juntando esse aos trezentos mil que ainda não cumprimos nem foram feitos.
Criámos esta ideia que nos prende e nos agarra:
Só somos bons o suficiente se fizermos muitas coisas ao mesmo tempo e, de preferência, muito rapidamente.
Talvez seja necessário encontrar, nos nossos círculos pessoais, familiares e profissionais, mais espaço para o não. Para o “não posso fazer”. Para o “desta vez não consigo”. E até para o “gostava muito, mas preciso de descansar e, por isso, não quero fazer isso”.
A verdade é que a partir do momento em que começamos a perceber que só podemos ser bem-sucedidos quando estamos bem por dentro, tudo muda. Para chegar a este maior bem-estar interior é preciso sofrer muito. Dizer muitos “sim” que deviam ter sido “não”. Ter a coragem para não querer saber do que os outros vão dizer, pensar ou julgar.
Quem tudo quer, tudo perde. Quem tudo escolhe, não chega a tomar decisão alguma.
Não te esqueças que o tempo é pouco para as coisas importantes. Que enquanto acumulas tarefas não dás atenção aos teus. Não os ouves com atenção porque a tua cabeça (e o teu coração) estão a mil à hora.
O tempo é pouco para as coisas que realmente importam. Por isso, e antes de compreenderes isto com a força que a vida às vezes tem e nos impõe, pergunta-te o que vale a pena manter. O que vale a pena ficar. Depois, deixa ir o que já não for para ti.