A linguagem do Advento é de difícil compreensão para a nossa cultura ocidental. Ainda que a pandemia tenha obrigado a desacelerar um pouco os nossos dias, vemos já o ressuscitar do frenesim de uma vida que olha para o já, para o imediato. Queremos tudo e agora!

O Advento fala-nos de espera. Mas do que é que estamos à espera? Ou melhor. Por que é que a Igreja nos convida a viver esta espera? E qual é o objetivo desta longa espera? Esperamos o nascimento do Menino Jesus. Mas isso não chega. Sabemos que Ele já veio.

O nosso problema é que vivemos tantas vezes o Advento somente como a preparação de um aniversário. Ficarmos por aqui é transformar o Advento na preparação de uma festa familiar e comercial. E esta é a realidade que tantas vezes sentimos… Ao ponto de deixarmos toda a preparação para o fim, para os últimos dias… Sejam os convites, sejam as prendas, a alimentação… Como queremos tudo e agora e o Natal é só no dia 25, "temos mais o que fazer até lá"…

Somos convidados a viver o Advento durante quatro semanas, para que possamos reacender o desejo de Jesus. Celebramos a encarnação do Senhor no Natal, enquanto esperamos a Sua vinda definitiva, no fim dos tempos, e somos convidados a reconhecer as suas vindas, humildes e quotidianas, que chegam silenciosamente e que se fazem visíveis em cada Eucaristia.

O crente é a pessoa da espera porque experimentou a vinda do Senhor, mas está suspenso entre o já e o ainda não, à espera do seu retorno definitivo. Deus veio, mas continua vindo, e nós ocupados com as muitas coisas e muitas preocupações do dia a dia, podemos não perceber que Ele está aqui. 

Hoje Ele vem ao nosso encontro! Precisamos de tempo, precisamos de espaço, para perceber que Ele nasce todos os dias. O Advento é esta ocasião propicia para desacelerar o quotidiano, para saborear a salvação que há muito aconteceu porque Deus veio, e vem ao nosso encontro diariamente e que nós celebramos solenemente no dia 25 de Dezembro.

Que a celebração da Imaculada Conceição seja ocasião para nos colocarmos na Escola de Maria a Senhora do Advento, virgem vigilante e acolhedora, e aprender com ela a viver a atitude da vigilância e da espera.